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Nota: Escrevi este post a 17 de Outubro e guardei-o para ter tempo de juntar algumas fotos. Hoje lembrei-me que seria interessante publicar antes que o ano acabasse!
Hoje de manhã vinha no carro a caminho do trabalho e precisei de um lenço de papel; até aqui nada de novo, já cheguei àquela altura do ano em que o nariz tem vida própria. Procurei nos bolsos do tapa chuva que não vestia há meses, mas em vez de um lenço encontrei um cartão de um estúdio de cerâmica e dois bilhetes rasgados.
Só então percebi que o tapa chuva ficou intocado desde Madrid, e lembrei-me de fazer um wrap up dessa viagem. Já não está tão fresco na memória, mas o essencial está cá!
Fomos a Madrid nos finais de Maio e no regresso aproveitámos o feriado de Junho para esticar até ao Alentejo.
Madrid nunca me chamou muito, confesso. Não era cidade que me entusiasmasse e que tivesse no princípio da lista, mas acabou por ser um impulso com final feliz.
Pedi algumas dicas aqui e ali e li um pouco sobre a cidade, mas fui para lá com poucos planos o que tinha o mix de receio e liberdade!
Escolhemos um hostel perto da Porta do Sol o que foi uma óptima aposta, não pelo hostel (nada mesmo) mas pela localização. Chegámos a pé a todos os locais que queríamos ver, ainda que vir do aeroporto tenha sido um longo caminho de troca de linhas de metro! Há que dizer que foi muito fácil conseguir orientarmo-nos no metro, estava sempre claramente indicado e nunca nos sentimos perdidos nem precisámos de parar a inspeccionar placas e mapas.
Isto acabou por ser uma constante durante a viagem, não sei se fui eu que relaxei mais mas senti-me super à vontade na cidade, como se fosse um local por onde já tivesse passado apesar de só ter estado em Barcelona.
Tirando o último dia, de chuva, tivemos imensa sorte com o tempo e apanhámos um sol super acolhedor. No dia em que chegámos quisemos logo aproveitar o tempo e fomos ao Palácio Real. Nesta altura do campeonato já levo uns quantos palácios na bagagem portanto achei bonito mas não fiquei boquiaberta, nem perto.
Sabia que queria ver pelo menos dois museus do "trio" e acabei por conseguir mas se fosse hoje, acho que teria feito as coisas de forma diferente. Os preços são um "no go" pela certa, especialmente o Prado é caríssimo! Já sei, é enorme e tem muita coisa, mas não deixa de ser um rombo no orçamente, e para além disso, com a prática que tenho de museus de arte não devia ter caído na esparrela; Passo a explicar: este é o tipo de museus que não conseguimos ver a fundo nem que tenhamos uma semana só para o ver, é o tipo de espaços para ser consumido com calma, durante muito tempo, em visitas frequentes. Isto é válido para outros tantos, mas especialmente para estes, com dimensões muito acima da média, não-sei-quantos pisos, salas, saletas e salinhas. Não se vê numas horas, não se vê num dia, não se vê em dois. É como uma enciclopédia, não a lemos de uma só vez, vamos lendo; Já vivi isto noutras cidades com outros espaços e ainda assim deixo-me sempre levar pelo entusiasmo... Fomos na hora em que a entrada era gratuita, mas se tivéssemos pago o bilhete seria o mesmo. O espaço é interminável e quem quer também desfrutar da cidade invariavelmente vai querer ver, mas com o tempo contado. Foi o único momento em que me senti perdida, sem saber por onde conduzir a visita. Acabei por seleccionar alguns quadros que gostava de ver ao vivo, especialmente porque os estudei, orientei o M. por aí, e saímos sem olhar para mais do que uma meia-dúzia de quadros. Não me arrependo da visita claro, apenas de não me ter preparado antes para um embate que para mim já era expectável!
Em comparação a experiência no Museu Rainha Sofia foi melhor, consegui orientar-me mais facilmente e desfrutar mais.
Ainda entrámos no Caixa-Fórum, que a propósito fica numa zona da cidade bastante gira, com um cheirinho a Bairro Alto, mas sei que o M. já deitava arte pelos poros portanto cingi-me à zona acessível e à loja do museu. Eu tenho esta pancada por lojas de museus, vejo-as sempre, adoro! Aí perto ainda apanhámos uma feira do livro de rua.
Num dos dias o nosso único plano matinal era ir ao Parque do Retiro; Explorámos um caminho novo e acabámos na Praça Cibeles, em frente ao Palácio Linares. O edifício chamou-nos a atenção, entramos para perceber o que era e acabámos por comprar bilhetes para a visita guiada em castelhano, que se percebeu lindamente. Se o edifício por fora é interessante, a visita vale tudo mesmo! É lindíssimo, e foi todo restaurado; como disse antes, já não é fácil impressionar-mo-nos com palácios, mas este foi de deixar o queixo caído no chão. Magnífico. Mesmo.
Durante a viagem tivemos a sorte de ir encontrando mercados de rua sem andar necessariamente à procura. Nesta praça foi um desses, de onde trouxe uns brincos em cerâmica, e de onde poderia ter trazido montes de coisas, mas contive-me. Encontrei hoje o cartão do "Studio Cramik", e embora não me lembre se era a autora dos brincos ou não, se o trouxe foi porque valia a pena!
O Parque do Retiro é um passeio super agradável, especialmente num dia de sol como tivemos a sorte de apanhar. É enorme, e apesar de ter muita gente não sentimos a multidão, a não ser na zona do palácio de cristal. Ali perto, mas fora do parque, almoçámos num restaurante que não hesito em recomendar porque comemos super bem, comida saudável e saborosa: Expressio. Pode soar a café, mas garanto que vale o almoço!
Depois de uma série de más experiências em Barcelona a comida era algo que eu temia ali, mas fiquei agradavelmente surpreendida. Um dos melhores sítios para petiscar acabou por ser uma tasquinha ao pé do hostel, na verdade era mais um tasco, mesmo com ar de tasca, bancos de madeira, chão por varrer... mas comemos tão tão bem, e no final descobrimos um Português na cozinha! Chama-se "La oreja de jaime"! Em compensação, a "La casa del abuelo" que fica mesmo em frente e tem uma decoração toda gira não vale um caracol (fica a dica!). Outro spot para petiscos com um ambiente mais cuidade é o "Tapa Tapa" na Calle del Arenal. Quem estiver por aqui não pode perder os churros na "Chocolatería Churreria 1902"! Outro que me caiu no goto foi o "Jardin Vertical", uma cadeia de cafés/pastelaria; Na Calle de la cruz, bastante perto do nosso hostel ficava um onde tomámos pequenos almoços muito bons. Os espaços são super bem decorados.
As ruas em volta da Porta do Sol são recheadas essencialmente a restaurantes, bares de tapas e lojas. Não fizemos muitas compras, só perdemos a cabeça na "Alpergatus" que aconselho a quem, como eu, poderia viver de alpercatas o ano inteiro! O El corte inglés ali perto também serviu para fugir à chuva na manhã do último dia.
Por falar em compras, quem aprecia mercados não pode perder o de El Rastro. É um mercado de rua, ou antes de ruas, porque se estende quase desde a Plaza Mayor, pela Calle de la Ribera de Curtidores, uma rua enorme, e só termina lá bem no fundo, numa zona totalmente diferente daquela em que começamos! O Mercado de San Miguel também vale a pena ver, é mais apreciado para petiscar na happy hour, o que não conseguimos experimentar.
Na última tarde demos uma volta de despedida e perto da Ópera tivemos a sorte de ver um grupo de bailarinos a dançar sevilhanas...foi muito giro, principalmente porque eram todos seniores e dançavam que se fartavam, vestidos a rigor!!!
Comecei o ano sem grandes planos de viagem, a dizer que este ano seria mais calma e contida.
Iria ficar por cá, essencialmente.
Mas, como não fiz promessas nem hipotequei decisões, há umas semanas passou-me uma veneta e resolvi viajar em Maio, não nos meus anos mas por ali perto. Já deve estar um tempo simpático, e estava a ser consumida por bicho carpinteiro sem planos, portanto achei que um aniversário era uma boa desculpa.
Primeiro pensei ir sozinha. Na verdade já não é de hoje que me apetece fazer uma viagem sozinha. Mas não estava certa. Incertezas é do que mais tenho.
Acabei por convidar o M., ao género de intimação, num estilo próprio muito meu tipo: "vou a Madrid em Maio queres vir?". Como andávamos um pouco chateados o convite soou mais a uma ligeira ameaça de morte, ou de espancamento não sei. Como a culpa era inteiramente dele, a ameaça soou a sininhos cintilantes nos seus ouvidos. Disse que sim. Em três dias resolvi datas, horas, e marquei tudo.
A viagem solitária fica para outra ocasião, outro local, quem sabe; É uma ideia ainda pouco amadurecida, mas que quero ir acarinhando!
Por agora...planos, mapas, Madrid, Madrid, Madrid! Há dicas desse lado? Digam-me, o que tenho mesmo de ver? E o que é só show-off e posso dispensar?!
Tinha este post planeado há algum tempo, mas tempo é coisa que tem escasseado por aqui, e assim fica apenas a short version.
O segundo dia do nosso passeio pelo Alentejo foi reservado para dar a volta ao lago do Alqueva e terminar, novamente, em Monsaraz. Pelo caminho passámos pela nova Aldeia da Luz, e pelo castelo de Mourão.
O roteiro foi dado pela Rita, do Outeiro do Barro, onde ficámos, e só tive pena de não conseguir ver os barcos casa que ela nos descreveu. Ficou uma imensa vontade de voltar já que vir do Alentejo deixa-me sempre um amargo na boca, como se algo me prendesse à terra.
Ficam as fotografias...
O fim de semana passado foi por terras alentejanas num percurso que vou querer repetir!
Esta foi a viagem/ escapadela que menos planeei nos últimos tempos mas que correu lindamente, sem stress nenhum e que superou as expectativas; A paisagem e o sossego têm tudo a ver com isso.
Saímos de Lisboa de manhã direitos a Reguengos de Monsaraz onde chegámos mesmo a tempo do almoço; A variedade de restaurantes não era grande mas tinham-me falado de um no largo, que vim a descobrir ser o "Gato" onde acabei por me atirar a umas migas de espargo com entrecosto. Sim, aqui começou a desgraça. Ele foi no borrego, eu não resisti ao chamamento das migas, e no fim também não pude evitar quando ouvi a palavra 'sericaia'... E se era boa!
Para digerir o almoço, e para dar tempo de ir até ao alojamento demos umas voltas no centro, que diga-se em abono da verdade não tem assim muito para ver, duas voltas e está feito. Tinha lido sobre uma exposição de antigos ofícios que existiria na biblioteca, mas ao chegar lá descobrimos que estava em restauro e portanto exposição zero; ainda assim as senhoras que nos receberam foram simpáticas e convidaram-nos a conhecer o espaço da biblioteca, que tem pinta de ter sido um palácio autêntico! Eu que sou doida por casas antigas restauradas acedi logo e deliciei-me com o trabalho que foi feito!
Depois deste primeiro tiro ao lado ainda segui mais umas indicações de lojas de artesanato e coisas do género mas rapidamente percebi que tudo estava fechado naquele sábado à tarde, mesmo que o horário na porta dissesse o contrário. Um bocadinho desanimada seguimos viagem até ao alojamento que ficava nos arredores do centro a uns 5 minutos de carro, esperando que as fotos do booking não me tivessem enganado!
Na realidade foi das melhores coisas que já descobri nesta terra! Não posso deixar de partilhar porque é algo que merece ser visto, apreciado, elogiado e visitado: o Outeiro do Barro! É um alojamento local, com algumas "casinhas" que são ou T1 com kitchnet ou quartos com casa-de-banho, tudo em redor de um laranjal com uma pequena piscina no meio e por fora, cercado em paisagem de vinha. A primeira impressão foi fantástica, e não desiludiu em nada. O quarto era amoroso, muito bem decorado e confortável; Aliás todos os espaços por onde passámos tinham um bom gosto na decoração que me dava vontade de trazer tudo para casa. Fomos amavelmente recebidos pela Rita que nos deu um mapa com indicações preciosas de um roteiro a seguir.
Entusiasmados pelas sugestões não perdemos muito tempo a desfazer a mala e em menos de nada tínhamos o pé na estrada novamente, desta vez com São Pedro do Corval na mira. A distância eram apenas uns 5km para chegar à capital ibérica da Olaria e do Barro, logo eu que sou uma doida por loiças e cerâmicas até dei saltos quando descobri....(porque desta vez não tinha planeado nem pesquisado nada.....b-u-r-r-a!)
Começámos por visitar a Casa do Barro onde há uma exposição sobre a origem do barro, os oleiros da região e o seu trabalho, e onde podemos ver fornos originais, alguns ainda em funções! Aí deram-nos um mapa com todas as olarias de São Pedro do Corval e eu que tinha ficado de olho nas peças de um ou outro oleiro não perdi tempo a levar o M. pela mão até encontrar o que queria! As olarias ficam quase todas nas próprias casas dos oleiros e pode ser um pouco estranho entrar por ali a dentro mas não há nada a temer na hospitalidade alentejana! Escolhi a olaria do Sr. Marcelino Paulino porque tinha umas peças diferentes do habitual; O senhor viu-nos entrar pelo seu pátio adentro e veio receber-nos percebendo logo que queríamos ver a olaria. Lá dentro fiquei de boca aberta, parecia uma mini disneyland de canecas, copos, jarros, fogareiros mini, bilhas mini, barrilinhos mini....
Não resisti e trouxe coisas com fartura, para mim e para oferecer; Ainda mais que comprando ao oleiro o preço fica tão mais baixo que trouxémos um saco normal completamente cheio por 20 euros. Uma das minhas peças preferidas é uma espécie de jarra em balão com o topo afunilado que está pintada em azul bebé... Estivémos um bom bocado à conversa, o senhor explicou-nos muita coisa do processo de produção, contou-nos que era o único oleiro ali que ainda trabalhava com a roda, e ainda explicou como funcionavam os fornos agora; Antes de sair ainda pedi ao senhor para tirar uma fotografia ao espaço e ele deixou!
Deixámos São Pedro do Corval e rumámos à praia fluvial de Monsaraz, banhada pelas águas do lago Alqueva e não resistimos a subir à vila medieval de Monsaraz para apreciar o tímido pôr-do-sol antes de regressar 'à base' para descansar e jantar uma bela sopa de cação no restaurante O Barril, onde fomos super bem recebidos!
continua...
Gosto do Alentejo.
Gosto do Sol, gosto do calor e da luz.
Gosto da paisagem mais árida, das oliveiras perdidas no campo, dos sobreiros; Gosto das cores, de tudo; Dos campos às casas.
O Alentejo recebe-me bem, abraça-me quando chego, brinda-me com um raio de sol mesmo que o céu esteja nublado, por isso gosto sempre de voltar.
Não é a minha terra, mas podia ter sido; bastava que há 25 anos a minha mãe tivesse tomado uma decisão diferente, e hoje eu falaria com sotaque de certeza! Não foi por acaso que as minhas primeiras canções infantis eram alentejanas...era ouvir-me cantar o Milho Verde, o Menina estás à janela e a Oliveirinha da Serra.
Tenho raízes lá. O meu avô paterno era de Alvito e da parte dele tenho família ainda em Évora...primos com fartura; embora daqueles mais distantes. Vou mantendo contacto com os mais velhotes, de tempos a tempos...são muito tecnológicos e trocamos emails!
O fim de semana passado dediquei a conhecer um bocadinho mais do Alentejo, para trazer no coração ao lado do que já conhecia, Évora, Campo Maior e Elvas.
Desta vez a primeira paragem foi Reguengos de Monsaraz, e a partir daí foi sempre em volta do lago de Alqueva. Caramba, quando escolhi o destino não pensei que fosse tão, mas tão bonito.
Quando tiver mais tempo deixo o meu "roteiro", por agora deixo só esta declaração de amor ao meu Alentejo!
Dia #5
No dia do regresso sabíamos à partida que não se iria aproveitar muito...ou em realidade nada mesmo.
Depois da viagem de camionete de Bolonha, com um calor dos ananases, os bancos quentes e a estrada por túneis escolhemos o comboio para o regresso.Tínhamos tempo de sobra mas a estação não tinha espaço físico para estarmos três horas à espera do comboio mais lento pelo que optámos pelo rápido que nos deixou em Bologna Centrale em menos de 40 minutos!
Ao chegarmos fomos percorrendo corredores uns atrás dos outros ate chegar à superfície; a ideia seria dar uma volta por ali e apanhar o aerobus para ainda ver alguma coisa de Bolonha. Enquanto estávamos numa fila para levantar dinheiro comecei a aperceber-me da fauna de gatunagem que envolvia a estação claramente em bando organizado. Sentimos que já estávamos na mira pelo que abortámos os planos todos. Com os "radares" todos ligados fomos direitas aos táxis e desistimos do aerobus.
Com isto tudo chegámos ao aeroporto só cinco horas antes do voo sem sequer poder fazer check in antecipado porque o aeroporto em Bolonha é muito pequeno, não há balcão da Tap,e ainda por cima a nossa bagagem mesmo sendo de cabine teria de ir para o porão porque com as compras todas trazíamos mais bagagem de mão do que seria permitido embarcar.
Dia #4
Desde que começámos a planear a viagem que tínhamos em mente visitar os arredores e conhecer a região Toscana. O plano inicial passava por alugar um carro em Florença e ir até San Gimignano e Siena. Todos os dias ao final do dia eu planeava o dia seguinte, e portanto quando chegou à véspera eu já tinha traçado o novo plano.
Quando fiz contas à ideia de alugar o carro fiz o trabalho de casa todo; calculei o preço do carro, as portagens, o combustível, o aluguer de GPS e possivelmente o aluguer do equivalente à via-verde lá; Acrescentei uma cobertura de seguro, e ainda pesquisei as rotas a seguir mas os cálculos já iam longos. Quando pensamos em alugar um carro temos tendência a ver apenas o valor do carro e a esquecer o resto, mas o resto é o que fica bem mais pesado e depois acrescentei a isso o medo que tinha de me perder no caminho e perder tempo precioso, o receio de conduzir nas estradas italianas (eles são simplesmente loucos ao volante e eu nem sou medrosa de condução, pelo contrário) e ainda o facto de ser muito pouco provável que pudesse chegar de carro aos centros dessas cidades e o valor de estacionamento que isso iria acrescentar. Pesquisa vai, pesquisa vem e fomos de comboio até Siena! Tivémos de desistir de San Gimignano mas não trocava Siena por nada!
Saímos cedo em direcção à estação que ficava a uns 5 min do hotel, comprámos os bilhetes e entrámos logo no comboio, bastante confortável para enfrentar 1h e pouco de viagem. A viagem em si é agradável e vamos vendo uns campos de girassóis pelo caminho e uma paisagem simpática após a saída da cidade.
Ao chegar a Siena apanhámos um táxi para o centro; os táxis não podem chegar mesmo à zona que queríamos mas têm locais de paragem e recolha nos limites dessa zona, e o taxista explicou logo isso no início. A deslocação foram cerca de 8€ e uns 10 minutos de viagem, dividido por três foi irrisório e muito mais confortável!
Siena é uma cidade lindíssima, muito medieval, e muito mais autêntica do que Florença que está muito turística e a rebentar pelas costuras! O inconveniente é que é muito menos plana e andamos constantemente a subir e descer ruas. Chegámos por volta do meio-dia e escolhemos ir logo almoçar para aproveitar bem a tarde. Descobrimos um restaurante muito simpático, Il Bargello, onde comi uns raviolli maravilhosos!
Depois fomos até ao Duomo, onde a fila para os bilhetes era relativamente pequena, sendo que não havia fila para entrar! Foi um alívio porque tinha receio de não conseguir ver nada e ser um esforço em vão. Mas sabia que valeria a pena pelo que tinha lido no meu guia, e o Duomo não desiludiu, bem pelo contrário, foi provavelmente das coisas mais bonitas e magníficas que já vimos! Impressionou até à espinha com os vitrais, os frescos, as capelas, e os painéis no chão em mosaico que estão cobertos a maior parte do ano para evitar que se degradem, e são expostos apenas nesta época de Verão.
Ao sair percorremos várias ruas de comércio local e tradicional e não resisti a mais não sei quantas compras!
Descemos uma rampa vertiginosa até à Piazza del Campo, onde vemos o Palazzo Comunale e a Torre dei Mangia. Apesar do calor insuportável a piazza estava cheia de gente nas esplanadas ou a fazer selfies no meio da praça! Nesta altura o calor começava a ameaçar quebrar-nos e voltámos às ruas de sombra que percorremos por mais algum tempo até decidirmos que já ninguém se aguentava nos pés. Apanhámos um táxi na paragem e voltámos à estação e ao comboio até Florença.
Umas horas depois de descanso e banhos intermináveis voltámos a sair para o último jantar! Escolhemos um restaurante da nossa rua com bom aspecto que estava sempre cheio e fizémos a última asneira da viagem! Por toda a cidade os restaurantes divulgavam um prato de "Bisteca" que era uma mega costeleta para duas pessoas. Eu e a minha mãe arriscámos e arrependemo-nos....é que não nos passou pela cabeça que aquilo viesse quase em sangue, sem tempero algum, nem sequer sal, e com batatas que deviam estar cozinhadas desde a hora de almoço! Ou foi muito azar, ou o restaurante não era assim tão bom! A salada de legumes grelhados que pedimos à parte foi o melhor do jantar; Regressámos ao hotel e estivémos algum tempo no bar, que estava aberto só para nós, e portanto foi gargalhada de meia noite. Quando íamos subir para o quarto a luz foi abaixo na cidade, estivémos uns 3 minutos completamente às escuras e depois voltou.... o cansaço congelou-nos o cérebro e arriscámos ir de elevador mesmo assim; podia ter corrido bem mal mas depois de dois solavancos inesperados o elevador lá parou no andar certo... Ao chegar à porta lembrei-me que a chave tinha ficado na recepção e portanto desci cinco andares a pé e voltei com a chave pelo mesmo caminho depois de o recepcionista da noite ter exclamado um "Mamma Mia" pelo susto que lhe preguei ao aparecer pelas escadas atrás da recepção!!!
continua...
Dia #3
Um mês antes da partida, e com medo de evitar grandes filas de espera, tinha comprado os bilhetes para a Galeria Uffizi, uma das maiores atracções da cidade. Esta galeria figurava nos meus planos há muito tempo, desde as aulas de História de Arte, uma vez que alberga a grande maioria dos quadros renascentistas, medievais e maneiristas que estudei. Para ajudar à festa no dia da nossa visita era inaugurada uma exposição com obras de Leonardo da Vinci incluindo o quadro Adoração dos Magos finalmente restaurado.
A galeria está instalada num palácio construído a pedido de Cosimo I de Médici (uma das principais famílias Florentinas e patronos artísticos) para albergar os gabinetes de ofícios (uffizi em italiano antigo segundo li).
A nossa visita estava marcada para o meio dia e meia, porque na minha ignorância achei que a maioria das pessoas tentaria os horários mais cedo. Saiu-me só tudo ao contrário. Fomos até lá de manhã cedo para conhecer as ruas envolventes; é uma zona muito simpática da cidade que me lembra o Bairro Gótico de Barcelona.
Apesar de os bilhetes estarem comprados e terem sido bem caros, ainda tinha de ir para a fila trocar o voucher pelos bilhetes em si; rapidamente percebi que seria uma longa jornada até entrar na galeria e fui-me munindo de coragem e força nas pernas. Depois da fila para levantar os bilhetes ainda veio a fila para entrar na porta da galeria (quem não tem os bilhetes pré-comprados enfrenta filas de muitas horas sujeitas ao "stock" disponível), depois uma fila de controlo de segurança, depois um torniquete para o bilhete, mais uma infinita escadaria e um novo controlo ao bilhete. Trocado por miúdos quando chegamos finalmente lá acima já passou mais de uma hora e estamos estafadas capazes de nos atirar ao chão em qualquer canto. A galeria em si, pelas obras que tem, e pelo edifício que é vale muito a pena a visita, claro, mas a empreitada para lá chegar, a falta de organização gigante por parte dos trabalhadores da galeria, e os constantes chicos-espertos a furar filas tiram uma pessoa do sério e quase me arrependi de ter lá ido! A quem quiser ir deixo o conselho: esta é uma atracção que não conhece época baixa portanto escolham logo o primeiro horário da manhã ao reservar o bilhete, levem um farnel e água, calçado confortável, e não façam grandes planos para o resto do dia!
No nosso caso, com a partida que os bilhetes do Duomo nos pregaram na véspera o dia ainda não tinha acabado. Comemos rapidamente e voltámos ao hotel para descansar umas horas ao fresco. À hora marcada fomos para o Duomo, para a porta que nos tinham indicado e descobrimos que havia mais uma fila! Sem grandes surpresas lá me pus a jeito, ao sol, a marcar o lugar, até que uns minutos após a hora marcada um senhor pouco simpático veio verificar os bilhetes e deixar entrar pequenos grupos à vez. Estranhei a falta das filas gigantes na porta principal, mas ainda não me tinha caído a ficha até entrar! Então é assim: na véspera, para poupar tempo tínhamos comprado os bilhetes na máquina automática, mas esta só vende o pack completo: Duomo, campanário, batistério, e a subida ao campanário tem de ser reservada com hora marcada. Fizémos tudo na máquina e depois confirmámos com uma senhora no guichet, mas não ficou bem claro que a igreja não estaria disponível para visitar àquela hora que aparecia nos bilhetes. Para ver a igreja e o batistério teríamos de ir para a fila e esperar a vez, a uma qualquer hora do dia, e apenas para o campanário tínhamos hora marcada, que nem sequer foi cumprida! Acabámos por ver a igreja no momento em que entrámos para o campanário, apenas por uma porta lateral, e depois saímos sem subir porque a minha mãe levou de Lisboa um pequeno problema no joelho e subir milhentos degraus não estava no programa. Contentámo-nos com o batistério, um edifício redondo, lindíssimo, todo decorado em talha dourada, e que compensou a desilusão que tivémos do interior do Duomo que é bastante despido em comparação com outras igrejas italianas.
Como sempre nestas viagens há os dias "sim" e os dias "não" e este foi aquele em que tudo nos saía torto! Depois da curta visita sentámo-nos numa pastelaria fabulosa do outro lado da praça para lanchar e refrescar. Não me lembro do nome dos doces que comemos, tirando a prima D. que comeu um canollo, e bebemos todas um chá gelado maravilhoso. Claro que numa pastelaria com aquele aspecto e aquele serviço de criados fardados devíamos ter adivinhado a conta! Se se consome ao balcão o valor é um, o que vemos escrito, se for numa mesa, o valor é outro e não está escrito em lado algum....assim pagámos só 10€ pelo lanche, cada uma, mas uma vez não são vezes e voltava lá na maior! Para acabar o dia fomos até às ruas de lojas e fizémos mais compras do que contávamos (o que a partir desse momento significou que a bagagem iria para o porão no regresso).
Terminámos a jantar um wrap e um smoothie num bar vegan com esplanada na Piazza Santa Maria Novella, já bem perto do hotel.
continua...
Dia #1
No dia da partida dormimos pouco e saltámos da cama bem cedo para chegar ao aeroporto antes das 2 horas recomendadas uma vez que se andavam a ouvir notícias de grandes atrasos no controlo de segurança.
Dia #2
Na hora do calor recolhemos ao hotel e só saímos perto das 18h para visitar uma das exposições mais giras que já vi na vida...e eu já vi muitas! Já quando fui a Milão achei que os italianos eram exímios nesta parte e desta vez só confirmei a primeira impressão.
Como sempre me apaixonou o mundo da moda, e como esta era uma viagem "de gajas", descobri que existia junto ao rio um palacete onde se instalara a fundação Salvatore Ferragamo, e que continha uma exposição sobre o regresso do criador a Florença, em plenos anos 20. A exposição retratava através de quadros, mobiliário, têxteis e outras peças a cultura que se vivia à época e estava organizada e "maquetada" como se estivéssemos sempre a bordo de um navio, no qual o criador fez a viagem de regresso. Não é das principais atracções da cidade mas foi para mim das melhores, e recomendo a quem tenha interesse pelo tema, já que é um dos poucos locais na cidade onde se circula sem que o nariz tropece num selfie stick!
Para fechar o dia com chave de ouro seguimos até ao rio e fomos conhecer a famosa Ponte Vechio onde hoje estão instaladas as ourivesarias da cidade, e que conserva as estruturas originais e um ar de medieval!
continua...
No regresso da viagem pelo Sotavento Algarvio (aqui), indicaram-nos uma praia fluvial nas Minas de São Domingos e resolvemos fazer um desvio no percurso para conhecer.
Eu nunca tinha experimentado uma praia fluvial e não fazia muita questão; dizia sempre que tinha medo, que não ia gostar, que era perigoso e sei lá mais o quê! O M. insistiu até me moer o bicho do ouvido e quando uns vizinhos campistas nos deram a dica pensei "bora lá resolver este tema!".
Saímos de Cabanas em direcção a Vila Real e fizemos uma curta paragem em Castro Marim; Sem perder tempo seguimos pela nacional até Mértola, conscientes do calor que fazia e que ia piorar com a aproximação da hora de almoço! Ainda visitámos umas ruas, um atelier de tecelagem (adoro este tipo de trabalhos!), e a torre do castelo com uma exposição sobre a história do castelo e a sua reconquista.
Como o calor não dava tréguas arrancámos para as minas e encontrámos um local bonito e bem arranjado com infra-estruturas decentes.
Estava cheio como seria de esperar, e era quase impossível colocar um chapéu de sol, até porque o piso não era arenoso, mas sim rochoso! A areia servia apenas para tentar tornar a rocha mais macia. Não perdemos tempo e tomámos logo um banho! Não adorei a textura do fundo, mas não posso dizer que fosse horrível como temia; A água era limpa, embora não límpida, e vi um girino minúsculo a nadar, ao contrário das cobras de água que eu também temia! Senti a água doce demasiado pesada depois de várias dias no mar mas não detestei e acho que posso repetir a experiência noutro local....digamos mais fresquinho! Dalí deixámo-nos de aventuras e procurámos no GPS o caminho mais rápido até casa.