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Sempre disse que o meu ano começava em Setembro. Normalmente porque vinha relaxada de férias, cheias de ideias, planos de estudo, trabalho, viagens, arrumações, bricolage, um sem fim de listas.
Este ano foi diferente.... foi diferente a partir do dia 4 de Março, e para mim ainda não há nada de normal nos novos hábitos do dia-a-dia.
Fui apanhada pela pandemia em plena ascensão dos meus planos "verdes" de uma vida melhor, e por algumas semanas coloquei-os em stand-by, à espera que o pânico se fosse. E já se foi.
Sinto uma certa urgência em recuperar a minha vida normal. Em planear e ter ideias como fazia, sem me sentir frustrada ou limitada pela nova realidade.
Este ano não parece começar nada hoje...sinto apenas a continuação dos últimos meses mais estranhos de sempre. Por isso, férias acabadas, vou continuar o que aqui comecei há uns meses.
Os últimos meses levaram-me muita coisa: liberdade, tranquilidade, paz de espírito, ideias, pessoas; Talvez por isso me faça cada vez mais sentido mudar um bocadinho do mundo com as minhas pequenas mudanças.
Depois de tanta reflexão e tanto plano confesso que não fui tão mais eficiente do que num mês normal com muita pena minha e com alguma frustração também.
A verdade é que as férias e o facto de não estar em casa tornou algumas tarefas mais difíceis...ainda assim não foi totalmente mau. Consegui manter a reciclagem que já fazia, mas reutilizei muito mais embalagens (de take away, e outras de fruta) como tupperwares ou recipientes para tudo e qualquer coisa que fosse preciso!
Sacos de pano continuam ON, levei sempre para a praça ou ao supermercado e não tive de comprar nenhum saco por burrice! Recusei embrulhos, sacos e embalagens, até os de papel, e reciclei embrulhos de prendas.
Apesar das garrafas de água reutilizáveis acabei por consumir algumas em plástico, que não consegui evitar, principalmente em restaurantes.... mas recusei tampas de plástico em copos de refrigerantes e palhinhas.
No final acabei por não fazer nada a mais do que já fazia, mas é sempre um caminho contínuo para melhorar, dia após dia! O que interessa é não esquecer, é ter consciência e ir evoluindo aos poucos, cada pequeno passo faz uma diferença gigante num mundo tão grande... se formos muitos com pequenos passos fazemos tanta ou mais diferença do que sozinhos com grandes mudanças.
Há mais ou menos uma semana que me registei no desafio, e desde então tenho pensado em algumas coisas que posso melhorar no dia-a-dia!
Neste momento à minha frente está um rolo de fita-cola, que nunca pensei bem que é puro desperdício, 100% de estrago, nada reutilizável...zero. Mas, como designer e criativa tenho necessidade de pendurar coisas nas paredes à minha volta, sem arrancar a parede ao sair, por isso tenho de colocar na minha to-do list procurar uma alternativa para isso!
Outra ficha que me caiu é que ainda tenho muitos pacotes de chá mais tradicionais para gastar, e que num estudo recente (publicado no Washington Post) revela que podem largar biliões de partículas de plástico no chá....que nós bebemos a seguir. Tenho dúvidas sobre como resolver isto, se o bebo, se não, se abro todo os pacotes para um frasco... seja como for possivelmente não é reciclável e vai acabar a acumular lixo.
Este mês tenho o aniversário do M., e não gastei nem 1 cm de papel a embrulhar prendas, reutilizei embalagens que já tinha em casa, e envelopes de outras lojas, bastou descolar o autocolante da marca! Quanto às prendas em si, uma delas já tinha há muito tempo, trouxe numa viagem mas acabei por guardar; era uma carteira, mas como ele tinha uma ainda boa, ficou aqui na caixa, até que há uns meses ele perdeu a dele (com tudo incluído - a dor de cabeça completa) e lembrei-me que estava na hora desta entrar em acção e sair da gaveta. As outras duas surpresas são ou sustentáveis, ou um incentivo à sustentabilidade por serem de produção local e com a pegada menor!
Finalmente re-comecei a tomar mais atenção ao plástico (no auge do covid confesso que abusei), e a reutilizar mais embalagens antes de reciclar. Por exemplo, a caixa onde vieram morangos e cerejas da frutaria agora levam temperos e coisas de cozinha para as férias!
A semana passada estive a ajudar a minha mãe com limpezas de "papel" e abastecemos a gaveta do papel de rascunho. Eu uso mesmo muito papel, principalmente para desenhar, mas a não ser que seja um desenho que precise de ser digitalizado gasto essencialmente papel já usado.
Antes de embarcar numa semana de férias a sul dei por mim a reflectir como ser posso ser mais ecológica e sustentável na praia e nas férias em geral!
Sugestões e recomendações são bem-vindas já que neste ponto ainda estou a meio gás!
Por norma gostamos de passar um dia inteiro na praia e vamos bem carregados de comida! Para além de água e muita muita fruta, começo por levar sandes mas ao fim de 3 dias já enjoámos e ando aqui às voltas para me organizar e conseguir preparar snacks alternativos.
Outro dia a preparar sandes voltou a cair-me a ficha da quantidade de desperdício que envolve, isto porque ainda não tenho bolsas suficientes para as necessidades, e então torna-se mais simples usar guardanapos.
Faço um esforço para os re-utilizar ao longo do dia mas não soa melhor por isso... Tenho levado todas num saquinho de pano, mas no caso da fruta ainda uso aqueles sacos de congelar com fecho; Tenho alguns que vou reutilizando até ser possível e se por acaso me esqueço de levar um saco para o lixo esses fazem as vezes até chegar a casa.
Garrafas de água são coisa que abunda por aqui, seja de vidro, inox ou mesmo plástico, não das descartáveis mas daquelas de desporto por exemplo, que enquanto estão boas vamos usando.
Uma coisa que aprendi enquanto lia sobre o tema é que não há vantagem nenhuma em deitar o que temos de plástico por exemplo fora para comprar noutros materiais; Re-utilizar enquanto é possível é sempre melhor e alivia a pressão sobre os processos de reciclagem. Também li um dia que nem todo o plástico que colocamos para reciclagem é de facto reciclável, o que faz com que a reciclagem não seja sempre uma alternativa segura. Por exemplo, descobri que se espalmar as garrafas de plástico longitudinalmente são recicláveis, mas se forem prensadas em altura até fazerem um círculo já não o são!
O ano passado ao comprar uma Visão que tinha um artigo sobre sustentabilidade ganhei uma palhinha de bambu, que tem estado parada porque eu já tinha perdido o hábito da palhinha, por ser plástico. Este ano acho que a vou levar de férias para não ser apanhada desprevenida!
Ganhei também o hábito de andar com sacos de pano no dia-a-dia, mas agora para férias levo o verdadeiro carregamento para não precisar do plástico; gosto cada vez mais de comprar no comércio local, e quando estou de férias só em último caso me apanham num supermercado.... acho que herdei da minha avó o gosto de ir à praça, seja onde for!
Mesmo nesta fase covid em que regredi no plástico em algumas situações mantenho o uso dos sacos de pano, que depois lavo ao chegar a casa até à próxima utilização! Ainda assim mesmo na praça tenho trazido algum plástico, nomeadamente quando compro figos colocam numa caixinha para não se desfazerem, e para limitar a minha culpa lavo as caixas e levo para a praça para a vez seguinte! Agora para férias vou fazer o mesmo, já tenho os sacos e as caixas a postos, alguns items que encomendei e que poderia ter dificuldade em encontrar. Também a lancheira e as placas já estão na linha de partida, mas continuo a pensar que me devem estar a escapar outras coisas...
E por aí, sugestões ou ideias para umas férias mais eco?
O Plastic Free July é uma iniciativa global que descobri recentemente, e que ajuda milhões de pessoas a ser parte da solução na luta contra o plástico. É uma forma de consciencializar e de criar novos hábitos, e também o primeiro passo para termos ruas, espaços públicos, praias, oceanos, etc mais limpos!
Podem inscrever-se e partilhar o vosso compromisso, bem como receber feedback e ideias sobre acções que podem tomar no vosso dia-a-dia. Ainda não explorei todo o site mas o conteúdo parece-me bem interessante e não deixa de ser mais um incentivo à mudança.
Embora tenha começado nesta "luta" há bastante tempo, sei que ainda não tomei todas as atitudes que podia, por isso o meu compromisso a partir deste mês foi reduzir ainda mais! Recentemente comprei mais sacos para a fruta e legumes pois os que tinha não me chegavam e ao fim da primeira ronda na praça já trazia algum de plástico..! Tenho tido também mais cuidado com as encomendas e as embalagens, e ontem reparei (muito feliz) que o saco de reciclagem do plástico era apenas 1 pequeno, em comparação com os 2 bem grandes de cartão e papel!
Nada como começar a ver diferenças para sentir motivação.
Quando nos dedicamos a entrar neste processo percebemos que há muito por onde começar e há muito por onde melhorar. Não sou nem nunca fui de extremos, e tal como li outro dia, mais vale fazer pequenas mudanças adaptadas a nós, ao nosso contexto e a quem somos, do que não fazer nenhuma!
Dividi uma folha A4 em 4 partes e coloquei a cozinha, a casa-de banho, o quarto e a sala em cada parte; Depois dediquei-me a observar cada espaço e a ver o que podia ser melhorado. Li num dos meus blogues preferidos vários mini guias para nesta primeira fase estar mais desperta para o que poderia mudar em cada local, o que tornou o processo mais simples.
Como me decidi a começar pela casa-de-banho, por achar que era o espaço menos sustentável, começo também por aí a escrever.
Correndo a bancada da casa-de-banho era cada tiro cada melro:
- Cotonetes em plástico -> substituídos pela versão em bambu que encomendo na Pegada Verde ou noutro local onde calhe fazer compras!
- Escovas de dentes, em plástico -> que ainda por cima devemos renovar com frequência! Adoptei também as de bambu, primeiro encomendava da babu mas depois descobri que já há nos supermercados (da Colgate) por isso é fácil e não há desculpas.
- Pasta de dentes, em embalagem de plástico com caixa de cartão e com ingredientes duvidosos -> Fiz muitas tentativas e ainda não tenho uma preferência! Mas há opções vegan em embalagem reciclada e reciclável, opções em frasco de vidro (por vezes tendem a secar mas basta misturar um pouco de água), ou completamente sólida, em que mordemos um bocadinho e depois é esfregar... acho que aqui vai muito ao gosto pessoal, até agora não adorei nenhuma, estranho o sabor ainda embora ande nisto há mais de um ano, mas também não é algo que me tire o sono!
- Fio dental, não sei se me impressionava mais o material ser plástico ou a embalagem que também o era -> tudo devidamente substituído pela versão sem plástico e em embalagem de cartão.
- Sabonete líquido para as mãos, em embalagens de plástico com que depois abastecíamos o doseador de vidro -> bem vindo de volta sabonete!
- Gel de banho, idem aspas ao ponto acima -> há quase 2 anos que estas embalagens deixaram de entrar cá em casa (logo são menos umas quantas para levar à reciclagem!)
- Champô, em embalagem de plástico e com ingredientes também duvidosos e prejudiciais cheios de micro-plásticos -> aqui tem sido uma odisseia! Já usei champô e amaciador sólidos, de várias marcas, e com algumas corre bem, mas com outras passo a palha de aço num tiro. Quando estou em muito mau estado varro a prateleira do supermercado um a um para encontrar uma versão sem ingredientes prejudiciais (e durante a quarentena tive de fechar os olhos também a esses por uma ou duas vezes).
- Algodão e desmaquilhante -> comprei três conjuntos de cotton pads, de marcas diferentes e vou usando e lavando, nada complicado! O desmaquilhante /água micelar procuro também versões com ingredientes não prejudiciais, mas ainda estou work in progress porque ainda vêm em embalagens plásticas! Tenho um sabonete de ervas próprio para o efeito (de uma linha green da KIKO), mas às vezes tenho preguiça pois não é tão prático.
- Creme hidratante / creme rosto -> passei a ter em atenção as marcas e os ingredientes, bem como as embalagens, recicláveis ou reutilizáveis!
- Desodorizante, que usava normalmente em spray -> por agora estou nas versões roll-on com ingredientes vegan e embalagens recicláveis, mas o próximo passo é tentar as versões mais eco-friendly no mercado: em sitck, em creme ou pedra de alúmen.
- Depilação, sempre odiei o cheiro dos cremes depilatórios, as cenas de bandas e pseudo-ceras, sou time gilete e parece que ou continuar, reutilizando ao máximo até adquirir uma versão com lâminas que se podem ir trocando reduzindo a quantidade de desperdício. Também tenho uma alternativa que uso em algumas situações que é uma superfície em microcristais de silício que ao ser passado na pele em movimentos constantes elimina o pelo e as células mortas, mas dá algum trabalho e leva algum tempo até ter uma depilação completa feita!
- Higiene feminina, vulgo pensos, tampões e cenas...-> aqui a coisa está muito atrasada, apesar de ouvir maravilhas sobre o copo menstrual não estou minimamente inclinada a experimentar por enquanto. E o pior é que pensos e tampões são dos produtos que levam mais tempo a decompor-se, podem levar até 800 anos. Embora não faça um consumo muito grande, nem sequer mensal, qualquer utilização já me dói na alma, por isso descobri recentemente e vou experimentar os produtos Clementine, feitos à base de algodão orgânico de produções sustentáveis e principalmente, sem produtos tóxicos!
Manicure, ou o pior dos venenos a que nos habituamos -> também recentemente adoptei vernizes vegan, menos maléficos que os originais, e optei por removedores de verniz vegan em vez da tradicional e mal cheirosa acetona. Tenho a dizer que o removedor deixa as unhas óptimas, hidratadas e com bom aspecto!
Maquilhagem -> já há tantas, mas tantas marcas com estas preocupações que é muito fácil ter produtos com menos ou sem ingredientes prejudiciais, em embalagens recicláveis e não testados em animais!
Toalhitas -> só uso em viagens e há opções no mercado só com 2 ingredientes, em que o principal é a água, embora as embalagens ainda sejam de plástico.
Limpeza -> aqui ainda não cheguei definitivamente, os produtos cá em casa ainda são na sua maioria os tradicionais, mas pode ser por pouco tempo!
Ilustração da Amanda Oleander
Quando ainda andava na escola lembro-me de ter entrado nos temas de conversa, nos trabalhos e na sociedade o tema da Reciclagem. Eram trabalhos teóricos, eram caixotes de separação de lixos feitos nas aulas de área de projecto, eram visitas a centros de reciclagem e campanhas publicitárias com os 3 R's.
Quando me comecei a interessar pelo estado actual do planeta e comecei a ler mais sobre o assunto percebi que já não eram 3, mas sim 5! Fiquei chocada com a minha falta de informação, como é que o mundo podia avançar assim e eu não dar por nada?
A verdade é que faz muito mais sentido assim:
1. Recusar
Quando dizemos não a um papel na rua, a um saco que não precisamos numa compra e por aí fora, é impressionante a quantidade de coisas a que não temos de dar destino! Durante esta pandemia fiz e continuo a fazer muitas compras online, nas quais é mais difícil controlar a embalagem por exemplo; o resultado é que tenho cartão com fartura e algum plástico para reutilizar e reciclar. Depois de ter metido na cabeça este primeiro R a jornada ficou muito mais clara... temos coisas a mais de uma forma em geral, e eu sempre fui muito propícia a acumular tralha. Ao estar mais atenta consigo reduzir muita coisa que trago para casa e que acabaria por se acumular aos cantos até lhe dar um fim. Notei a diferença primeiro com os sacos das compras (e o espaço que ganhamos em casa?), e à medida que o tempo passa quando faço pequenas arrumações encontro menos coisas inúteis do que antigamente!
2. Reduzir
No meu caso a redução teve efeito retardado; Sempre fui muito consumista e só a idade e alguma reflexão me levaram a perceber que não preciso e não me faz mais feliz. Passei a comprar menos mas melhor, a investir na qualidade para que tenha durabilidade, a recusar produtos de plástico sempre que possível, a ter mais atenção aos materiais para reduzir as minhas opções a uma escolha sustentável. Mais recentemente tenho tentado limitar as minhas compras a coisas que realmente necessito e evitar as compras por impulso.
3. Reutilizar
Sempre tivemos o hábito de dar muita coisa quando já não precisamos e pode fazer falta a alguém, sejam objectos da casa ou mesmo roupa. Agora tenho-me esforçado mais para antes de chegar a esse ponto garantir que não há uma necessidade qualquer que possa ser suprida por determinado objecto, mesmo que precise de alguma transformação. Assim evito desfazer-me de algo que pode ter outra vida e comprar algo para essa função.
4. Reciclar
Já faz parte do dia-a-dia à muito tempo: temos 3 caixotes para separação de lixo, mas fico parva comigo mesma quando às vezes acho que algo não é reciclável e afinal é. Cheguei à conclusão que o que aprendi aos 12 anos sobre este tema não ficou 100% cimentado! Tenho sido mais disciplinada a lavar embalagens por exemplo, ao invés de as deitar fora no lixo comum por preguiça (guilty!).
5. Compostar (Rot)
Sobre a compostagem tenho quase tudo para aprender. Primeiro achei que precisava de viver no campo para o fazer, depois descobri que em Lisboa há centros de compostagem onde podemos levar os restos de comida, cascas etc. Ainda é algo um pouco longínquo na minha rotina, por não ser prático e por não estar ainda na minha casa, onde será mais fácil criar as regras. A seu tempo acho que irei começar a aprender mais e a pôr em prática.
A jornada "verde" que hoje percorro começou na realidade há alguns anos: quando o mundo acordou para a crise do plástico, eu acordei também.
Estava, como a grande maioria, habituada a ir às compras e trazer uma série de sacos, que acabavam amontoados na cozinha, e que depois serviam de saco do lixo conforme as necessidades. Imaginava eu, mas sem me dar a muito trabalho de pensar nisso, que depois o lixo era "tratado" de alguma forma, e que esse plástico eventualmente desaparecia da terra. Muitas vezes o problema é que o desaparecer não implica apenas sair da nossa vista, mas quando deixamos de o ver acreditamos que não existe.
Não fui muito rápida a aprender a levar os sacos para as compras, confesso. Sou despistada, invariavelmente acabava a trazer sempre sacos, mesmo tendo de os pagar, não ia lá nem à pedrada. Como tudo na vida, foi um hábito adquirido. Hoje não me passa pela cabeça ir às compras sem sacos.
Depois dos sacos das compras, e à medida que o plástico "não desaparecido" do mundo começava a saltar à vista, como a ilha do pacífico, fui-me apercebendo do restante plástico que havia na minha vida.
Cotonetes, palhinhas, caixas de comida, canetas, embalagens de cosmética e outros produtos de higiene, batons, garrafas de água, copos descartáveis, escovas de dentes, película aderente, luvas, capa do telemóvel, embalagens de produtos de limpeza, sacos de fruta ou pão, ... quanto mais procurava, mais encontrava.
Ainda munida de uma certa ingenuidade, achava que como reciclava grande parte não era tão mau. Até que li mais sobre o assunto, e descobri algures que nem todo o plástico era reciclável, mesmo depositado no contentor certo podia não ter hipóteses de um destino desejado.
Desde essa altura abri guerra ao plástico. Não vou dizer que não uso completamente, mas reduzi bastante e é um esforço contínuo, sempre a ter novas ideias ou a descobrir outras formas de reduzir ou reutilizar. No fundo é um bocadinho abrir os olhos e encontrar!
Numa das minhas pesquisas descobri no site The Ocean Cleanup esta visualização espetacular sobre as fontes de plástico no mundo através dos rios...e sim, estamos lá presentes.
Há mais de um ano escrevi o último post neste blogue.
Desde então fui ao sabor da corrente, tive alturas em que perdi o bichinho de partilhar, de ler, de escrever; lentamente acabei por deixar morrer este espaço, o meu escape. Houve muitos momentos em que dava por mim a escrever textos mentalmente, o que escreveria naquele dia "se ainda tivesse o blogue"... depois pensava que a ausência já ia longa e deixava-me estar, confortavelmente calada.
No início do ano, e principalmente com a situação de isolamento que vivemos nos últimos meses, senti cada vez mais vontade de retomar. Muita coisa mudou, eu mudei muita coisa em mim, na minha forma de pensar: cresci, aprendi, evoluí. Ganhei novos hábitos, despertei a consciência, ajustei objectivos, refiz os meus planos.
Tive algumas dúvidas neste regresso por isto mesmo, já não me via a escrever e partilhar o mesmo tipo de conteúdos, mas acabei por avançar porque sinto que tenho algo a dizer que faz sentido, e que posso voltar a aprender com esta experiência tal como no passado.
Continuei a percorrer um caminho que comecei ainda neste blogue, mas dediquei-me ainda mais, aprofundei, li, pesquisei, tomei coragem (há decisões que precisam de coragem!).
Decidi que queria uma vida melhor, em tudo; uma vida mais saudável para mim e para os outros à minha volta. Iniciei uma jornada "verde" como lhe tenho chamado, com o objectivo de viver de forma mais sustentável e ecológica. O caminho não é claro, tenho dado uns tombos, contornado algumas pedras, e aprendido muito. O caminho exige escolhas, que nem sempre estou preparada para tomar, por isso procuro sempre mais informação, para tomar as melhores decisões, para mim.
Deixei de querer ser aquela miúda citadina, que vive num corre corre louco no meio do trânsito, sempre de um lado para o outro, movida pela energia da cidade. Descobri que afinal queria uma vida mais calma, com vista para fora da cidade; que quero viver mais perto da terra, com menos barulho, mais oxigénio, outro ritmo. Descobri muita coisa sobre mim e o que quero para o futuro.
Este foi o mote para recuperar esta "casa", afinal de contas uma jornada acompanhada é mais agradável do que sozinha, e permite aprender mais!
Não me fez sentido começar do zero outro espaço, mesmo que o conteúdo passado já não esteja tão alinhado comigo hoje, faz parte de mim, de quem sou e de quem fui, por isso muda a vida, mas a casa é a mesma.
No topo desta página reina agora uma ilustração da Jo Grundy para me ajudar a focar se algum dia me esquecer para onde quero ir.
Muitas vezes uso este espaço para descarregar problemas, chatices e frustrações, para criticar coisas que me torcem os nervos e para chamar a atenção para outras que me dizem algo cá dentro.
Acabei de ver o Livro de Reclamações na TVI com a Alexandra Borges, que já aqui critiquei largamente a propósito de uma reportagem há uns anos atrás; até há bocado nem sabia que esta rubrica existia e acabei por ver por acaso a peça sobre a EMEL.
Senti-me algo aliviada por perceber que muita gente sofre como eu à conta do péssimo serviço que prestam, a todos os níveis, que se resume essencialmente a extorsão. Por outro lado sinto uma fúria, uma raiva descontrolada pela forma como esta entidade lucra com mau serviço sem qualquer consequência, impunemente coagindo as pessoas mesmo sabendo que estão errados, que os serviços não funcionam ou funcionam mal.
As poucas palavras do presidente são de tal forma ridículas que estando calado ficava igual. Esta gente dá-me asco, por isso é de louvar qualquer iniciativa que exponha esta vergonha a nível nacional, alguém que ponha o dedo na ferida. Hoje, obrigada Alexandra Borges por esta reportagem.