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Uma semana diferente

por Catarina, em 25.03.18

Esta semana foi diferente, e correu-me lindamente!

 

Para variar fui trabalhar na sede da minha empresa, que fica num local muito mais simpático, no parque das nações com vista para o rio, do que o escritório onde habitualmente trabalho. A mudança de ares foi mais que benéfica; Fiquei lá esta semana num novo projecto que adorei. Foi um trabalho relâmpago, para começar na segunda e praticamente acabar na sexta. Adorei o tema, adorei o que fiz, e aproveitei o tempo todo. Há muitas semanas que não me sentia tão produtiva, tão viva a fazer coisas! (Possivelmente também estava embalada na minha promoção, que me comunicaram na sexta anterior, mas não era só isso, era a sensação que só as coisas novas nos trazem) Dei por mim a querer aprender coisas que até agora recusava, nomeadamente linguagens de programação; Apesar de ter algum conhecimento do tempo da faculdade foi algo que fiz por esquecer, por não ter gostado mesmo nada; Mas esta semana, lá está, foi diferente, e o meu entusiasmo pelo trabalho que estava a fazer deu-me vontade para ir mais longe.

 

Para ajudar estar lá em baixo deu-me outra luz, literalmente. Fiz uma vida diferente, deixei a marmita em casa e decidi-me a almoçar os cinco dias no Go Natural, o que me fez comer bastante bem e com muito menos trabalho...lá está, uma vez que não são vezes. Ficava com mais tempo de almoço e na quinta feira acabei por conseguir minutos preciosos de um sol de primavera num passeio junto ao rio.

Escrevi isto enquanto ali estive: "Um dia normal. Sem planear nada. Mesmo nada. E dou por mim a passear ao sol. Uma hora de almoço brindada com menos frio, menos vento e sol. E o rio. E esta luz imensa. Este azul é tão bonito. Penso na vida. Onde estou. Onde cheguei. Estou onde quero estar. ..e a sensação é brutal.".

 

 

Foi uma semana muito boa de sentimentos, de constatações. Senti-me super bem, com uma força que não sentia há meses. Mesmo os pensamentos menos bons, mas igualmente reais, não conseguiram abalar esta estrutura que consegui fortalecer ao longo da semana.

 

Ontem, acompanhei a minha mãe ao CCB, às celebrações do dia da Poesia, porque uma aluna dela iria receber um prémio. Acabei por passar uma hora bem agradável, o que sinceramente não contava, numa sessão apresentada pelo Pedro Lamares, que tem uma voz para declamar que é uma coisa do outro mundo. Juro, podia adormecer embalada naquela voz!! Para além das entregas dos prémios nacionais de poesia aos alunos vencedores, a sessão centrava-se numa homenagem à Natália Correia, de forma que as declamações dos seus poemas foram uma constante, por várias vozes, das quais destaco, para além do Pedro Lamares, a Alice Vieira e o José Anjos. Se tivesse sozinha acho que teria ponderado ficar mais um pouco após o intervalo, embora fosse desconhecida à poesia da Natália Correia, estava encantada com tudo aquilo, mas o resto do grupo estava aos pulos para fugir ao que definiram de poesia de injecção. Acho que teria ficado se fosse sobre a Florbela Espanca e ninguém me arrancaria da sala!

 

 

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Reading #16

por Catarina, em 16.03.18

Os Três Casamentos de Camilla S., Rosa Lobato Faria

 

Apesar de ter livros por ler em todos os cantos possíveis, em casa, no escritório, e até no carro (malditas mudanças!) o certo é que as minhas leituras andam muito emperradas. Andei a acumular vários livros mais "técnicos" e fui perdendo o entusiasmo, faltava-me uma história, com H maiúsculo, que me agarrasse e me sugasse para dentro do livro.

 

Apesar do estado de caos, não parei de acumular livros novos para ler, e outro dia encomendei um que me estava na ideia desde que li sobre ele aqui. Encontrei-o bem barato na wook e chegou de um dia para o outro. 

 

Nunca tinha lido nada de Rosa Lobato Faria, que me lembre, mas fiquei muito curiosa com a opinião que li, e não me desiludiu, em nada. É mesmo uma história para românticos, para quem gosta de histórias de amor, as felizes e as outras. O enredo prendeu-me rapidamente, gosto dos saltos na cronologia, gostei da personagem principal e gostei da Paca e do misticismo que me lembra as personagens da Isabel Allende.

Foi o livro que estava a precisar para retomar o ritmo, e consumi-o em três dias, sofregamente! É um daqueles que entrou para o coração e que vou ler e reler ainda muitas vezes.

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O outro lado do espelho

por Catarina, em 15.03.18

Porque uma história não tem só um lado, não tem apenas uma perspectiva, e é diferente para todos os que a vivem.

Depois de a ter escrito aqui, e falado sobre ela aqui, hoje a história continua aqui.

 

"Acordou com o chiar dos pneus ao travar no final da estrada. Sobressaltada bateu com a testa no vidro e olhou em volta para ter a certeza de onde estava. Ainda não sabia bem como ali fora parar, o que a levara a tomar aquela decisão. Há muitos anos jurara virar as costas de vez àquela terra, deixara-a sem a menor intenção de algum dia voltar, e agora não sabia bem se se sentia a engolir um sapo, se estava secretamente feliz. 

 

A viagem fora um transtorno mas sabia que não havia outra forma de chegar àquela vila piscatória no meio do nada, por isso tomara um comprimido para dormir, e acabara com uma dor no pescoço e a testa gelada.

Sempre se lembrava daquele lugar como algo frio, cinzento, onde se sentia a humidade no ar. Mas naquela tarde, ao descer da velha carripana que fazia a ligação semanal até à cidade, Amélia encontrou uma paisagem banhada pelo sol de inverno, num tom rosado e acolhedor. Sentia algum frio, mas era mais no interior do que da temperatura. Apanhou a velha mala de couro coçada e caminhou na direcção da vila. Enquanto caminhava tentava lembrar-se da última vez, do dia em que partira, dos rostos que tinha visto ou do caminho que tinha feito. Mas o seu cérebro estava parado, congelara no regresso, e na sua mente só via rostos, despegados uns dos outros, sem ordem ou sentido, os seus fantasmas de estimação.

 

De repente parou. As pernas pareciam tremer-lhe, o coração pulava, o seu corpo não aguentava o regresso. Mudou de direcção e caminhou até ao cais, parando na beira da água. Observou o seu reflexo, ajeitou a boina branca e soltou o cabelo deixando-o balançar ao sabor do vento. Inspirou fundo, deixando o ar salgado entrar pelos pulmões, limpando-lhe a alma. Recordou-se novamente da partida e olhando em volta pensou, voltei.

 

Quando se virou para terra novamente viu-o ao longe, parado, estático, olhando-a como se fosse uma miragem.

Estava certa de que era ele. Ele que a deixara partir, que não a impedira de ir à sua sorte. Ele que não lhe escrevera de volta uma só vez, nem quando pedira para voltar. Não quisera realmente voltar, mas escrevera apenas para saber se as portas se teriam fechado quando saíra por elas a última vez, e ficara sem resposta. 

O vento fazia-a baloiçar, as pernas bambas não a deixavam mover-se, e num segundo tudo parecia ter acabado. Ele vira-a e escolhera outro caminho para seguir, voltava-lhe as costas, ainda que tivesse parecido comovido de a ver.

Mais uma vez ficava sem saber, sentia-se agora tão confusa como quando partira com 15 anos, toda a mágoa, toda a dor e toda a revolta ainda a acompanhavam, e voltara para exorcizar os seus fantasmas. Não podia continuar a carregá-los mais, voltava ao princípio convicta de que onde tudo nascera tudo morreria, e então poderia ser livre."

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Quiet

por Catarina, em 15.03.18

Um silêncio pode parecer eterno, enquanto uma conversa, se for boa, pode fazer desaparecer o tempo.

 

O silêncio é espaço; para tudo o que se pensa e não se diz. 

 

É desconfortável, cria tensões.

 

O cérebro trabalha mais veloz, e por mais que saiba o que dizer, no silêncio, o mais difícil é quebrá-lo.

 

 

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Uma estrela para olhar no céu

por Catarina, em 14.03.18

A ciência nunca foi o meu tema, mas Stephen Hawking não deixa ninguém indiferente.

 

Big Ideas Made Simple, The Guardian

 

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Sabores da infância

por Catarina, em 12.03.18

Costa da Caparica.

 

Algures nos anos 90.

 

Desde pequenina, um pigmeu ainda, e tinha a mania de beber o restinho do café que ficava no fundo da chávena da minha mãe. No fundo, no fundo, era apenas açúcar com sabor a café, mas tomei-lhe o gosto.

 

Durante muitos anos era hábito passar algumas semanas de férias na costa da caparica... para fazer o "aquecimento" para o resto do verão!

 

A minha mãe ia beber café a um café mínimo no centro comercial O Pescador, e eu tinha direito a uma queijada de cenoura, e a acompanhar, um rebuçado de café. Doce e amargo, amargo e doce, aquele rebuçado era o meu café.

 

Desde esse dia, onde quer que esteja, onde quer que os veja, eu e os rebuçados de café somos um só!

 

No sábado usei um tapa-chuva que não vestia há muito tempo. Levo a mão ao bolso, encontro sempre alguma coisa, e surpresa.... rebuçados de café! Dois. Lindos. Saborosos. À minha espera.

 

Não é um rebuçado de café qualquer. É este, ou a versão azul sem açúcar. Mais nenhum!

 

 

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Mind full

por Catarina, em 08.03.18

Há alguns meses atrás arrisquei no yoga.

 

Queria uma actividade para complementar a hidroginástica e que ajudasse a combater os estragos que o meu corpo sofre por passar 8h por dia sentada ao computador.

 

Rapidamente percebi que tinha descoberto a pólvora! As aulas de yoga passaram a ser um ponto alto na minha semana; Uma hora e picos de relaxamento, de descontracção, de limpeza mental! São momentos em que deixo os problemas do lado de fora da porta e embarco na viagem sem reservas.

 

Com o passar do tempo o entusiasmo não arrefeceu e percebi que algumas coisas mudam em mim.

 

Habituei-me a sair das aulas super calma, leve e relaxada, e essa sensação perdura por algum tempo comigo, como se trouxesse algo de lá invisível, tipo capa protectora anti-stress! Sinto a cabeça limpa, a mente aberta

 

Aprendi que o corpo recupera movimentos que já conhecia do passado, mesmo depois de algum tempo sem os fazer; Como já tinha feito pilates e barra de chão, alguns exercícios estavam na memória, e a flexibilidade recupera-se facilmente.

 

Mesmo tendo estado algum tempo sem tratar decentemente do tema alimentação, não houve estragos de maior, e não aumentei de peso, mesmo depois de 2 meses sem conseguir ir à hidroginástica. Agora voltei a dedicar mais tempo ao tema, voltei a cozinhar e a ter entusiasmo por receitas novas. No fundo é uma necessidade geral, e é quase estranho uma pessoa cuidar de um lado e descuidar do outro, logo no mais importante!

 

Aprendi também que posso aplicar os exercícios de respiração que fazemos no dia a dia, como forma de aliviar stress, dores localizadas, ou simplesmente para tirar "pesos" de cima.

 

Já consigo novamente corrigir a postura no dia-a-dia, ainda que nem sempre perceba que estou toda encarquilhada na cadeira, e sinto-me mais desperta para tudo o que esteja ligado ao bem estar, físico e mental.

 

Basicamente sinto que o yoga muda a forma de viver, muda a forma como se vêm muitas coisas, e torna-se uma obsessão conseguir atingir aquele estado de relaxamento, que me leva a fazer alguns treinos sozinha, a ler livros sobre o assunto e procurar sites e vlogs.

 

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 Imagem via Pinterest

 

 

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Quick quick slow

por Catarina, em 06.03.18

Desde muito cedo que me lembro que tinha dificuldade em sair da cama de manhã.

 

Não era por dormir pouco ou por me deitar tarde. Não era tanto por sono como pela "fraqueza".

 

O motivo já aqui falei, mas nem sempre o conheci, a anemia.

 

Hoje, que já estamos familiarizadas, eu e a anemia, que já nos entendemos, ainda me levanto a custo.

 

Aprendi a controlar as fraquezas matinais, daquelas que não me davam forças sequer para chegar à cozinha.

Daquelas que me deixavam alagada em suores frios, que me faziam cair ao chão pelo caminho, que não me deixavam forças para nada, nem para chamar alguém que me enfiasse comida na boca à força. É  uma sensação horrível, parece que alguma coisa deixa de funcionar no organismo, parece que nos estamos a desligar a uma velocidade incontrolável; num minuto começo a sentir fome e fraqueza, e no minuto seguinte estou esparramada com náuseas e sem forças para esticar um braço sequer.

 

Acabei por perceber que controlo isto se comer algo antes de me deitar, e nunca, mas nunca me posso deitar com aquela sensação de fome, ainda que ligeira, porque a noite vai acelerar o processo.

Aprendi também que preciso de mais tempo de manhã do que as outras pessoas, e que nunca, mas nunca vou conseguir sair de casa sem comer! A única excepção a esta regra são dias em que tenha de ir fazer análises. Nesses dias evito ao máximo ir sozinha, tenho receio de não me aguentar pelo caminho, e levo sempre umas bolachas para uma emergência.

 

As minhas manhãs acabam por ter de começar mais cedo; Despertador para vinte minutos antes da hora a que me quero levantar, para "avaliar" o estado em que acordo e perceber qual vai ser a rotina. Depois de perceber que estou bem vou para a cozinha, onde normalmente tenho logo à mão o pão e preparo o pequeno almoço rapidamente para me sentar a comer. Gosto de ter tempo para poder ter alguma calma, se começar a stressar muito com horas ou o que seja a coisa pode dar para o torto já que os meus estados de fraqueza por vezes chegam muito depressa.

 

No final das contas o que interessa é aprender e conhecer bem o corpo; saber ouvir o que ele me diz, e dar passos lentos ou rápidos, dançar conforme ele toca!

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Debaixo de água

por Catarina, em 01.03.18

Já partilhei aqui que comecei o ano "debaixo de água"; É como designo aqueles dias, semanas e meses em que temos sempre menos tempo do que precisamos, e em que nos pesa muita coisa, que naturalmente nos faz ir ao fundo.

 

No final de Fevereiro comecei a vir à tona. Apesar de algumas coisas terem melhorado substancialmente sinto que tenho uma espécie de aura à minha volta que me está a tapar as vistas. Parece que não saí completamente debaixo de água, parece que ainda estou a lutar com as 24 horas do dia. Parece que as coisas não estão a melhores. Parece que está tudo na mesma, e isso não é verdade.

 

Outro dia escrevi que a falta de tempo já não era desculpa. Já tenho tempo, já consegui voltar a ler aos poucos de forma mais regular, já tenho tempo para ver séries à noite (que a parvalhona da fox life não anda a transmitir..."#$%=&%), já tenho tempo para ir às compras e cozinhar, jantar e arrumar tudo antes das 21h! Comparando com os últimos meses tudo isto são vitórias, então porque sinto que não? Porque parece que o elefante ainda está sentado no meu peito?

 

A nossa mudança não foi completa. Não acabou ainda, e isso é um assunto daqueles que começa como uma bolinha pequenina e vai crescendo e tornando-se uma mega bola gigante e insuflada, mas que ainda não me apetece partilhar....se calhar é esta bola que me está a deixar assim.

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