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5 segundos de passado

por Catarina, em 03.04.18

Aquele momento em que estás a conduzir;

Completamente embrenhada na busca incessante por um lugar para estacionar;

E atrasada para um compromisso;

Levar a avó ao médico;

Osteopata, na verdade.

 

Direita, esquerda, nada.

Mais uma moedinha, mais uma volta ao quarteirão.

 

Abrandas na descida, está alguém a subir a estrada, mais pelo meio da rua do que pelo passeio.

O ar descontraído de quem domina o pedaço.

Os olhos encontram-se, e reconheces o teu primeiro namorado de infância!

Aquele a quem achas que deste os primeiros beijos aos seis anos, mas que na verdade só encostaste os lábios.

Aquele que obrigaste a brincar às polly pockets, em troca de beijos.

Aquele que levava para a sala de música o cd com o tema espanhol "estoy enamorado" porque sabia que tu gostavas da versão dos Onda Choc.

Aquele que era o primeiro a chegar e o último a sair das tuas festas de anos.

Aquele que lambia o chão que tu pisavas, enquanto tu preferias na verdade o amigo dele, que preferia as outras todas, incluindo a tua melhor amiga.

Aquele que tu, Catarina, sim, tu, não tratavas assim muito bem uma boa parte das vezes, porque tinhas medo do que diziam os outros.

 

Foram cinco segundos de viagem ao passado que fiz e lembrei-me disto tudo.

Digo rápido à minha avó:

"Estás a ver este rapaz?"

"Sim, o que tem?"

"Lembras-te do David ..., que era filho de uma colega da mãe, que era meu colega no colégio? "

(A minha avó acompanha as minhas histórias mais manhosas desde sempre.)

Avó com ar de dúvida....

"Que era meu namorado?"

"Ah sim"

"É ele, foi ele que passou aqui agora!"

 

O meu ar de êxtase por aquele momento, e a minha avó a patinar na maionese. Ok, é justo. 

 

Como estava dentro do carro e de óculos escuros não me viu, e muito menos me reconheceu. Não o via desde o 9º ano....credo já passaram mais de 10 anos!

Contínua com um ar de miúdo, doce; Sorriso fácil. 

Mesmo naquela época, não me enganava com as pessoas que escolhia!

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A semana passada voltei a fazer uma dieta de silêncio. A verdade é que muitas vezes dou por mim no correr do dia a pensar em coisas para escrever. Mas o dia corre, e no final, quando tenho tempo, falta-me a vontade.

 

O trabalho tem visto algumas mudanças; novos projectos, novas pessoas. Tudo muito positivo, tem-me feito um bem danado tanta variedade para quebrar o ritmo! Claro que me vem tanta bonança com uma fatura de ansiedade, mas vou fingindo que não, que é só impressão. Tenho pequenos flashes da profissional que há em mim, do quão boa sou naquilo que faço; mas são flashes... e uma boa parte do tempo acho que sou apenas regular, normal, que as pessoas se espantam demasiado com o que faço, e que devem ter as expectativas muito baixas... Resumindo, uma boa parte do tempo dá-me para a baixa auto-estima profissional. Felizmente que há minha volta ninguém vê esse retrato, vêm um muito melhor.

 

A semana passada e as mini férias da Páscoa serviram para um intervalo na situação casa que estamos a viver. Este sim é um dos meus grandes focos de nervos. Já andávamos à procura de casa quando uns amigos que moravam na rua de cima do nosso ovo nos perguntaram se não queríamos ficar com a casa deles, que também era alugada, porque ele tinha sido transferido finalmente para outra cidade e iriam mudar em breve. Soubémos sempre que a situação dela ainda não era a mesma, que ainda não tinha a transferência com data marcada, mas que seria algo que se resolveria nos primeiros três meses do ano, no máximo. Numa estúpida ansiedade de resolver o problema de procurar casa traçámos logo um plano para a troca... falámos com senhorios, mudámos contratos, o diabo a sete. Em Fevereiro mudámos, sabendo que ela e a filha de dois anos ainda ficariam por ali algumas semanas, pois apenas ele já tinha mudado. Ficaram com um dos quartos e no resto da casa "entrámos" nós. Claro que uma coisa é conviver com os amigos....outra um pouco diferente é viver com eles. Mas alinhámos nesta ideia porque tinha um prazo de validade. O problema é que o plano tinha falhas...tomámos como certo algo que não estava, em em Março ficámos a saber que afinal não havia nem data nem certeza da transferência. A minha ansiedade começou a tomar conta de mim, porque nunca teria alinhado na ideia se a mesma não tivesse um prazo, um final anunciado. Agora sinto que estamos numa estrada a andar aos esses. Não vejo o fim à história, e isso enerva-me. Muito. Arrependi-me já até à raiz dos cabelos. Não me consigo arrepender mais.

 

Pelo menos o fim de semana brindou-nos com um sol bem simpático que permitiu uns passeios junto à praia no oeste para carregar a vitamina D, essencial para mais uma louca semana de trabalho!

 

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