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Quando a vida fica de pernas para o ar

por Catarina, em 27.06.18

Há aquelas alturas em que tudo corre bem, a vida segue mais ou menos equilibrada e quase nos queixamos da calmaria.

 

Depois, há aqueles tempos em que alguma coisa treme nas fundações e a calmaria já não é partilhada por todos os campos da nossa vida.

 

E depois, há aqueles momentos, em que tudo se junta para dar para o torto.

 

Até me acho cada vez mais dotada para gerir crises, mas todas ao mesmo tempo é capaz de ser um novo desafio.

Neste mês de Julho, que ainda não entrou sequer e eu já estou a desejar que acabe, acho que vai haver de tudo; Tenho um projecto relâmpago nas mãos, provavelmente dos mais importantes que tive até hoje, e onde vou ter de dar mais que o litro a contra-relógio. Para além desse tenho de dar seguimento ou acabar outros.

Vou, muito provavelmente empacotar a casa, mobílias, electrodomésticos e utensílios, e armazenar tudo, sendo que eu própria irei retornar à nave-mãe.

O carro anda a ameaçar um piripaque novo, como se nestes anos todos se tivesse comportado impecavelmente (só que não).

A estabilidade de uma relação de 8 anos anda a fazer o pino na corda bamba sem rede de segurança, e periga uma queda sem precedentes.

 

O stress é tanto que me sinto metade do tempo como se tivesse tido uma subida de tensão, aí para os 15/10, que até sinto as mãos a tremer.

Apetecia-me fechar-me a mim numa caixa e enviar para qualquer sítio nesta terra onde não me pudessem encontrar, onde não existisse rede de telemóvel, nem de coisa nenhuma. Uma ilha, deserta de preferência, e com poucos bichos que eu não sou muito dada a fauna (as traças lá de casa que o digam, ainda ontem aspirei uma).

 

Como não dar em louca? O trabalho é um bom refúgio por norma, mas desta vez há uma boa parte do stress que vem daí... a sensação é que tudo treme, as fundações de tudo, e eu não tarda desabo, com tudo.

 

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Desabafos de um longo dia sem carro

por Catarina, em 26.06.18

Quem tem carro habitua-se bem a ele. Depressa, depressinha, e já não queremos voltar ao mundo dos transportes públicos! Tenho carta, e o respectivo carro desde os 19 anos, agora que penso nisso já lá vão quase 10, e digo-vos, a vida muda, e o tempo fica muito mais elástico, mesmo com todos os "contras".

 

Posto isto, ficar sem carro por um ou dois dias (nem falo em mais!!) é razão para levar muito boa gente à loucura!  Eu procuro que isso não me aconteça... Faço um esforço; Mas há vezes em que o esforço se converte na imensa vontade de bater em alguém. 

Na altura do Natal experimentei a Cabify, e na altura fiquei fã e gritei ao mundo! Ontem à tarde para ir do escritório para casa tentei chamar um, mas provavelmente por ser hora de ponta não estava a ser fácil, então na minha burrice resolvi sair do escritório para ir à praça de táxis, a 5 minutos e apanhar um. 

Quando apareceu um táxi respirei de alívio, entre a tentativa de pedir o cabify e o arranjar táxi na paragem já tinham ido 20 minutos de vida. Perguntei se estava livre e entrei. Claro que quando disse o destino, que eu sei que era curto, mas temos pena, não ia a pé nem recomendo o caminho, o senhor ficou logo com um ar ligeiramente azedo.

Quando cheguei ao destino tinha a pagar 4,85€, e acenei com uma nota de 10€. Perfeitamente razoável achei. Mas não. Nisto cai o Carmo e a Trindade, e tudo até ao Cais do Sodré, porque aqui d'el rei que todo o dia o senhor tinha apanhado gente com notas de 10 e já não tinha trocos e patati e patatá e o senhor até "estava mesmo a ver que isto ia acontecer". Ora eu se fosse vidente não andava na estrada, mas é lá com o senhor.

Expliquei-lhe com a minha cara 39 de poucos amigos que àquela hora, 19h, uma nota de 10€ para aquela despesa era perfeitamente razoável e que a não ser que o senhor tivesse multibanco eu só tinha 1,40€ em moedas. Saiu do táxi e pediu a outro táxi para trocar, sempre praguejando "claro que ele não me vai trocar isto", como se levasse um lingote de outro na mão.

O outro não trocou, e como tinha parado numa paragem de autocarro voltou dizendo que tinha de tirar dali o carro e patati; Na rua onde virou era impossível parar, então pediu-me para ir ao café trocar a nota. Agarrei na minha tralha e fui, não consegui no café, mas numa loja ao lado. 

Voltei ao táxi onde não entrei, só disse "está aqui", e paguei em moedas. O senhor deve ter percebido que o chelique que lhe deu tinha sido um pouco de mais e acho que tentou dizer algo parecido a "desculpe lá", mas eu virei costas com a certezinha que numa próxima espero pelo cabify nem que sejam 2h.

Só fiquei com um nervoso miúdinho por não lhe ter dito assim..."está a ver porque é que as pessoas preferem a Uber, e os outros serviços, está?!"

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Joana sim, Joana sim

por Catarina, em 22.06.18

Comecei a sentir-me tentada pelas Artes algures no meu 8º ano.

 

Até então achava que as artes eram para desenhar nos tempos livres. Mas a verdade é que eu sempre tinha sido muito "artista" e desde cedo comecei a fazer coisas com as mãos, fossem colares de contas, peças em fimo, brincos, vestidos e acessórios para as barbies, até aprender crochet com a minha mãe por exemplo.

Mas achava que "as artes" eram a pintura, a escultura, e por aí fora, coisas em que eu não era assim grande espingarda! Na verdade estas são as belas artes, mas as outras também o podem ser!

 

Andava eu a procurar o meu percurso quando a Joana Vasconcelos começou a ser conhecida. Lembro-me já na faculdade de fazer um trabalho sobre as obras dela, e descobrir que se pode fazer "arte" com tudo, desde talheres de plástico, a tampões ou espanadores. Conheço razoavelmente o seu trabalho, e não gosto de tudo, como não gostei mesmo nada do galo de Barcelos nem do cacilheiro, mas adiante! Nessa altura ela foi uma inspiração, era mulher, não tinha uma imagem "tradicional" e conseguia ser até bastante excêntrica, e tinha um sucesso do caraças! As obras dela correram o mundo, e há um ano atrás dei por mim a passear nas ruas de Milão e a encontrar um dos corações de Viana com talheres de plástico pendurado na Sociedade de Belas Artes! Da mesma forma que outro dia em Nisa encontrei a Valquíria em exposição permanente, e nem me lembrava. Se há elemento particular no trabalho da Joana Vasconcelos acho que são os materiais que usa, alguns impensáveis para muitos, e a utilização que faz de técnicas tradicionais como as rendas, o crochet e outras que eu nem sei dizer.

 

Há uns anos atrás num passeio de fim de semana pelo Alentejo, por ocasião das festas de Campo Maior, fomos até Elvas, e ao descer a rua de Alcamim, descobrimos outra Joana, menos conhecida para nós, menos badalada pela comunicação, igualmente talentosa, ou talvez até mais, tendo em conta que tudo o que faz sai mesmo das suas mãos, ponto por ponto. Joana Leal é a artista artesã, que aprendeu a arte a partir das pessoas, e que hoje ensina a sua arte na sua "casa". Nesse dia tivemos a felicidade de não só passar mas parar para ver, de não só ouvir mas de escutar as histórias que nos contou, as explicações que nos deu sobre os seus trabalhos e a sua arte. Consigo encontrar muitas semelhanças entre uma Joana e outra e vejo um paralelismo engraçado de duas mulheres, artistas, que pegam nas coisas mais simples, na nossa identidade e as transformam.

 

Se algum dia passarem por Elvas não falhem esta visita, até lá, vejam mais aqui!

 

 

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O que eu gosto na feira do livro

por Catarina, em 20.06.18

Quando era pequena o passeio à feira do livro fazia sempre parte do programa de festas lá de casa. Por vezes até mais do que uma vez.

Na época as minhas pernas de pigmeu sentiam que era uma grande canseira, era tudo muito grande e muito longe e eu era obrigada a  andar muuuuuito! 

 

Por vezes a meio da jornada eu e a minha mãe sentáva-mo-nos num banco ou na relva para descansar e eu ia logo começando as minhas leituras!

 

Com o passar dos anos a minha forma de viver a feira foi mudando.

Em miúda era a minha mãe que conduzia as escolhas! Já em adolescente só queria ver a área juvenil e comprar os livros da Ana Saldanha, da Mº Teresa Maia Gonzalez, da Graça Gonçalves ou o Clube das Amigas!

Quando andava a estudar procurava essencialmente livros técnicos, ao nível da pechincha, que me ajudassem em trabalhos e assim.

Mais tarde, coma licenciatura feita e o mestrado na incógnita passei a procurar temas que me interessassem para “dissertar”, coisas que me obrigassem a pensar e questionar.

 

Com a gaveta “escola” definitivamente fechada passei a procurar romances (ao invés de ler os que ia aparecendo lá por casa), ficção e algumas crónicas e contos. 

 

Como designer claro que não posso ignorar certas coisas que me passam pelos olhos, e não é inédito comprar livros que depois nem tenho quase tempo para ver, apenas porque são uma obra gráfica lindíssima!

 

Este ano fui à feira no dia 12 de Junho numa hora de almoço em que estava a trabalhar na zona do Marquês. Entrei pela minha zona preferida, o lado onde antigamente ficavam os alfarrabistas, que de ano para ano vão diminuindo. Confesso que tenho uma queda enorme para os livros antigos, os postais em caixas e as edições de capa dura de antigamente. 

Ao entrar deparei-me com a banca das bibliotecas de Lisboa, que não me recordava de ver noutros anos, provavelmente falha minha! Algumas vezes via Amazon já tenho comprado livros de bibliotecas e confesso que me sabe sempre muito bem, porque vêm muito cuidados, em óptimo estado e a preços escandalosamente baixos! Aqui não foi de outra forma, e acabei por comprar um livros sobre Eça de Queirós à volta do Chiado, da Luísa Ducla Soares, que reúne para além de factos biográficos, alguns excertos de obras em que são referidas zonas da cidade. Custou-me 2,02€ e ía-me caindo o queixo quando vi o preço, acho mesmo que cheguei a abrir a boca! Foi o meu primeiro achado, e não podia ser melhor pois tenho uma verdadeira adoração pelo tema Eça+Chiado e o livro ainda tem umas ilustrações lindas!

 

Andei mais um pouco e chamou-me a atenção outra banca, cujo nome não retive, mas que tinha expostas revistas antigas, e o papel amarelado pareceu dançar-me em frente aos olhos! Parei logo ali, algo confusa com o que estava a ver. Perguntei “são reproduções?” “sim, Fac-Símiles dos primeiros números de várias revistas ligadas à cultura e à sociedade desde o princípio do século XX”. Matou-me. “Tem multibanco?” era tudo o que precisava de saber. Não conseguiria escolher uma para trazer, nem duas, nem três, trouxe o pack de todas por 15€ e vim tão mas tão feliz que podia ter-me sentado no jardim a desembrulhar uma a uma como em pequena.

 

Isto é o que gosto na feira, não são autógrafos, não são livros com descontos de 3€ que eu mando vir pela net e me ficam ou mais baratos ou mais confortáveis; são as coisas que não se encontram facilmente, são as pechinchas a cheirar a história, são os pequenos autores e as pequenas edições. São as coisas que me aquecem o coração e me fazem sentir mais preenchida, rica de alguma forma.

 

Há umas semana fui à arrecadação e encontrei o “Trisavó de pistola à cinta” autografado pela Alice Vieira num dia de Camões há muitos muitos anos. Esse também está no coração!

 

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The bright side

por Catarina, em 15.06.18

Esta semana tenho estado a trabalhar num cliente, o que me obrigou a vir para a zona do Marquês de Pombal, maldizendo a vida a bem da verdade porque não me apetecia nada.

 

Mesmo nada.

 

Gosto muito da minha zona de conforto e sair dela é como ir ao dentista arrancar dentes.

 

Mas vendo o lado positivo na 3ª consegui ir à feira do livro (já falo sobre isto!) e ontem, já em dia de desmontagem, passei uma hora sentada no alto de uma encosta do parque a almoçar a marmita enquanto lia um dos livros que comprei. Não são coisas que consiga fazer muitas vezes, por isso há que apreciar!

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Cartas que não se escrevem III

por Catarina, em 14.06.18

Ando a dizer-te adeus.

 

Acho eu.

 

Por cada noite que adormeço a chorar sinto que mais um bocadinho de ti me deixou.

 

À minha volta ninguém acredita quando digo que desta vez acho muito difícil darmos a volta por cima. Mas o que sinto mesmo é que os problemas se sobrepuseram a nós.

 

Ontem falámos durante 1 minuto e longos 33 segundos. Não falávamos há uma semana.

Fui só eu que tive a sensação que já não éramos nós?

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New findings

por Catarina, em 13.06.18

Há uns meses atrás desisti de vez de ouvir música no youtube e rendi-me a experimentar o Spotify. Até ao momento a versão gratuita chega-me e sobra-me e não me incomodam ouvir meia-dúzia de anúncios o dia todo.

 

Não vou perder-me a elogiar o dito cujo porque muito provavelmente fui mesmo a última a cá chegar!

 

Ontem não sabia o que me apetecia ouvir, e lembrei-me da Carolina Deslandes. Apetecia-me uma voz suave, calma. Conhecia uma meia-dúzia de músicas, mas passei o dia todo, das 9 às 18, a ouvir os álbuns todos em repeat. Não me conseguia fartar. A miúda canta que se farta, tem uma voz linda, e adorei muitas músicas que nem sequer conhecia.

 

Fiquei com esta no  e a sensação de quem abriu uma caixa de pandora!

 

 

 

 

 

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Uma pessoa já tem os pés na fossa

por Catarina, em 12.06.18

Quando liga o rádio às 9.00 da manhã e leva logo com os Nickelback para garantir que afunda de vez!

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Quando os amigos se tornam estranhos

por Catarina, em 11.06.18

Quando é que que os amigos perdem aquele colorido próprio dos momentos de lazer e se convertem em estranhos que estão a viver em nossa casa?

 

Quando é que deixamos de os ver como nossos amigos e passam a ser os amigos da outra parte?

 

Quando é que a paciência para situações mal resolvidas se esgota?

 

Qual é o limite para ignorar o problema e lidar com a acomodação dos outros ao nosso espaço?

 

Quanto tempo é que é aceitável dispor da vida e do espaço dos outros?

 

Resumindo, vou procurar casa novamente, quase 6 meses depois de ter feito mudanças, esta situação arrasta-se, gera conflitos, e eu esgotei a minha paciência. Fui arrastando, e levando, e fingindo que não via, que não vivia, mas não dá mais.

 

Uns dizem que já tive muita, outros que devia ter mais, fico no meio, entalada, sem o meu espaço, sem o meu silêncio e paz de espírito. 

 

Alguma coisa se vai quebrar nesta história, estou a antever, e a tentar não ver o que vai ser.

Mas para além de dormir na diagonal, sinto que não tarda vou estar a procurar casa só para 1.

 

 

 

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O Escher fica em Lisboa até Setembro!!!!!!!

Obrigada a quem ouviu as minhas preces! 

 

 

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