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Nota: Escrevi este post a 17 de Outubro e guardei-o para ter tempo de juntar algumas fotos. Hoje lembrei-me que seria interessante publicar antes que o ano acabasse!
Hoje de manhã vinha no carro a caminho do trabalho e precisei de um lenço de papel; até aqui nada de novo, já cheguei àquela altura do ano em que o nariz tem vida própria. Procurei nos bolsos do tapa chuva que não vestia há meses, mas em vez de um lenço encontrei um cartão de um estúdio de cerâmica e dois bilhetes rasgados.
Só então percebi que o tapa chuva ficou intocado desde Madrid, e lembrei-me de fazer um wrap up dessa viagem. Já não está tão fresco na memória, mas o essencial está cá!
Fomos a Madrid nos finais de Maio e no regresso aproveitámos o feriado de Junho para esticar até ao Alentejo.
Madrid nunca me chamou muito, confesso. Não era cidade que me entusiasmasse e que tivesse no princípio da lista, mas acabou por ser um impulso com final feliz.
Pedi algumas dicas aqui e ali e li um pouco sobre a cidade, mas fui para lá com poucos planos o que tinha o mix de receio e liberdade!
Escolhemos um hostel perto da Porta do Sol o que foi uma óptima aposta, não pelo hostel (nada mesmo) mas pela localização. Chegámos a pé a todos os locais que queríamos ver, ainda que vir do aeroporto tenha sido um longo caminho de troca de linhas de metro! Há que dizer que foi muito fácil conseguir orientarmo-nos no metro, estava sempre claramente indicado e nunca nos sentimos perdidos nem precisámos de parar a inspeccionar placas e mapas.
Isto acabou por ser uma constante durante a viagem, não sei se fui eu que relaxei mais mas senti-me super à vontade na cidade, como se fosse um local por onde já tivesse passado apesar de só ter estado em Barcelona.
Tirando o último dia, de chuva, tivemos imensa sorte com o tempo e apanhámos um sol super acolhedor. No dia em que chegámos quisemos logo aproveitar o tempo e fomos ao Palácio Real. Nesta altura do campeonato já levo uns quantos palácios na bagagem portanto achei bonito mas não fiquei boquiaberta, nem perto.
Sabia que queria ver pelo menos dois museus do "trio" e acabei por conseguir mas se fosse hoje, acho que teria feito as coisas de forma diferente. Os preços são um "no go" pela certa, especialmente o Prado é caríssimo! Já sei, é enorme e tem muita coisa, mas não deixa de ser um rombo no orçamente, e para além disso, com a prática que tenho de museus de arte não devia ter caído na esparrela; Passo a explicar: este é o tipo de museus que não conseguimos ver a fundo nem que tenhamos uma semana só para o ver, é o tipo de espaços para ser consumido com calma, durante muito tempo, em visitas frequentes. Isto é válido para outros tantos, mas especialmente para estes, com dimensões muito acima da média, não-sei-quantos pisos, salas, saletas e salinhas. Não se vê numas horas, não se vê num dia, não se vê em dois. É como uma enciclopédia, não a lemos de uma só vez, vamos lendo; Já vivi isto noutras cidades com outros espaços e ainda assim deixo-me sempre levar pelo entusiasmo... Fomos na hora em que a entrada era gratuita, mas se tivéssemos pago o bilhete seria o mesmo. O espaço é interminável e quem quer também desfrutar da cidade invariavelmente vai querer ver, mas com o tempo contado. Foi o único momento em que me senti perdida, sem saber por onde conduzir a visita. Acabei por seleccionar alguns quadros que gostava de ver ao vivo, especialmente porque os estudei, orientei o M. por aí, e saímos sem olhar para mais do que uma meia-dúzia de quadros. Não me arrependo da visita claro, apenas de não me ter preparado antes para um embate que para mim já era expectável!
Em comparação a experiência no Museu Rainha Sofia foi melhor, consegui orientar-me mais facilmente e desfrutar mais.
Ainda entrámos no Caixa-Fórum, que a propósito fica numa zona da cidade bastante gira, com um cheirinho a Bairro Alto, mas sei que o M. já deitava arte pelos poros portanto cingi-me à zona acessível e à loja do museu. Eu tenho esta pancada por lojas de museus, vejo-as sempre, adoro! Aí perto ainda apanhámos uma feira do livro de rua.
Num dos dias o nosso único plano matinal era ir ao Parque do Retiro; Explorámos um caminho novo e acabámos na Praça Cibeles, em frente ao Palácio Linares. O edifício chamou-nos a atenção, entramos para perceber o que era e acabámos por comprar bilhetes para a visita guiada em castelhano, que se percebeu lindamente. Se o edifício por fora é interessante, a visita vale tudo mesmo! É lindíssimo, e foi todo restaurado; como disse antes, já não é fácil impressionar-mo-nos com palácios, mas este foi de deixar o queixo caído no chão. Magnífico. Mesmo.
Durante a viagem tivemos a sorte de ir encontrando mercados de rua sem andar necessariamente à procura. Nesta praça foi um desses, de onde trouxe uns brincos em cerâmica, e de onde poderia ter trazido montes de coisas, mas contive-me. Encontrei hoje o cartão do "Studio Cramik", e embora não me lembre se era a autora dos brincos ou não, se o trouxe foi porque valia a pena!
O Parque do Retiro é um passeio super agradável, especialmente num dia de sol como tivemos a sorte de apanhar. É enorme, e apesar de ter muita gente não sentimos a multidão, a não ser na zona do palácio de cristal. Ali perto, mas fora do parque, almoçámos num restaurante que não hesito em recomendar porque comemos super bem, comida saudável e saborosa: Expressio. Pode soar a café, mas garanto que vale o almoço!
Depois de uma série de más experiências em Barcelona a comida era algo que eu temia ali, mas fiquei agradavelmente surpreendida. Um dos melhores sítios para petiscar acabou por ser uma tasquinha ao pé do hostel, na verdade era mais um tasco, mesmo com ar de tasca, bancos de madeira, chão por varrer... mas comemos tão tão bem, e no final descobrimos um Português na cozinha! Chama-se "La oreja de jaime"! Em compensação, a "La casa del abuelo" que fica mesmo em frente e tem uma decoração toda gira não vale um caracol (fica a dica!). Outro spot para petiscos com um ambiente mais cuidade é o "Tapa Tapa" na Calle del Arenal. Quem estiver por aqui não pode perder os churros na "Chocolatería Churreria 1902"! Outro que me caiu no goto foi o "Jardin Vertical", uma cadeia de cafés/pastelaria; Na Calle de la cruz, bastante perto do nosso hostel ficava um onde tomámos pequenos almoços muito bons. Os espaços são super bem decorados.
As ruas em volta da Porta do Sol são recheadas essencialmente a restaurantes, bares de tapas e lojas. Não fizemos muitas compras, só perdemos a cabeça na "Alpergatus" que aconselho a quem, como eu, poderia viver de alpercatas o ano inteiro! O El corte inglés ali perto também serviu para fugir à chuva na manhã do último dia.
Por falar em compras, quem aprecia mercados não pode perder o de El Rastro. É um mercado de rua, ou antes de ruas, porque se estende quase desde a Plaza Mayor, pela Calle de la Ribera de Curtidores, uma rua enorme, e só termina lá bem no fundo, numa zona totalmente diferente daquela em que começamos! O Mercado de San Miguel também vale a pena ver, é mais apreciado para petiscar na happy hour, o que não conseguimos experimentar.
Na última tarde demos uma volta de despedida e perto da Ópera tivemos a sorte de ver um grupo de bailarinos a dançar sevilhanas...foi muito giro, principalmente porque eram todos seniores e dançavam que se fartavam, vestidos a rigor!!!
Quando comecei a ver a série "3 Mulheres" da RTP, de que já falei aqui, relembrei os tempos em que vi o Conta-me como foi, uma série que me marcou, e deu-me vontade de entrar no espírito e relembrar a música da época.
Embora algumas músicas já me fossem familiares, de José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, confesso que mergulhei num mundo que não esperava. Descobri muito mais músicas com letras perfeitas que superam para mim algumas das mais conhecidas. Posso dizer que na malfadada viagem de comboio até à Covilhã o que me safou de enlouquecer foi mesmo o spotify a rodar todos os álbuns de Sérgio Godinho!
Uma coisa que acontecia com as letras de antigamente era que havia ali muito trabalho para se conseguir dizer o que se queria e furar os filtros apertados da censura. Por isso os poemas me despertam tanta curiosidade, porque estão recheados de metáforas e segundos sentidos, alguns dos quais só alguém que viveu a época consegue deslindar, porque se lembram de acontecimentos que justificam esta ou aquela analogia. Acho isto perfeito.
Hoje em dia sinto que a música portuguesa perdeu metade do seu efeito, se comparar com esta época, e apenas identifico um cheirinho disto em algumas músicas do Tiago Bettencourt.
É sempre bom descobrir mais sobre a nossa identidade e foi isso que senti ao mergulhar num pedaço de história que são as canções de intervenção!
Nos últimos anos aproveito sempre a black friday para qualquer coisa, especialmente para aquelas prendas de natal que já tenho escolhidas e que portanto aproveito um descontinho, seja lá qual for!
Normalmente compro online, porque não sou fã de confusão nem multidões e deixam-me ansiosa e claustrofóbica.
Este ano aproveitei para despachar duas prendas para oferecer, e uma outra para a minha avó me oferecer a mim (sim porque a minha avó gosta de dar “coisas” e não só dinheiro, gosta que haja qualquer coisa palpável a passar de uma mão para outra). Não resisti a mais duas peças de roupa que davam jeito e de resto fechei a loja.
Por acaso nesse fim de semana aproveitei para fazer uma encomenda há muito adiada mas que não teve nada a ver com a black friday! Numa conversa com colegas há uns meses descobri a Saponina, uma marca de produtos de higiene 100% natural desenvolvida pela Liliana Dinis. A filha da Liliana tinha uma pele atópica e fazia alergia a todos os cosméticos recomendados pelos dermatologistas, o que a impulsionou a criar sabonetes ricos em azeites e manteiga naturais e mais tarde alargar a produção a outros produtos. Mais do que isso desenvolveu uma consciência ecológica da marca e procura criar tudo em versão sólida para assim reduzir o recurso a embalagens de plástico contribuindo para um planeta mais sustentável. (Recentemente encomendei alguns produtos naturais num site, mas depois apesar de todo os cuidados deparei-me com um sem fim de embalagens de plástico, e senti-me algo defraudada e desiludida comigo mesma porque me tinha escapado esse pequeno grande pormenor!)
Assim que contactei a primeira vez para saber mais alguns pormenores percebi imediatamente que isto não era só mais uma marca, era "A" marca desenvolvida com mais carinho e mais cabeça que podia imaginar. Transborda nas comunicações que faz o empenho e a dedicação, e é algo que se sente, não se explica.
Aproveitei a encomenda, e para além dos produtos que queria experimentar mandei vir 3 que serão para oferecer no Natal. Os preços são acessíveis, e a ideia de oferecer aquela “lembrança” a alguém, que acabamos por despachar com uma vela ou uma “cena” qualquer numa grande superfície para ficar barato, deixou de me fazer sentido, se tinha uma alternativa à mão tão simples e tão mais significativa.
Mais ainda, esta é uma compra sustentável pois é dinheiro que fica na nossa economia, como se tivesse comprado num comércio local, e assim acaba por ser uma forma de ajudar os produtores e as economias locais!
Ainda não posso falar dos produtos em si porque a encomenda ainda não chegou, mas vejam o catálogo aqui e digam se não é de babar...
Este ano quero tentar, à excepção das "encomendas" já previstas, comprar o máximo de prendas em comércios locais, e não estou nada mal, até agora diria que 50% das prendas que comprei foram assim, o que em relação a outros anos é um avanço e tanto!