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Já aqui escrevi que quando não sei nada do que estou a dizer fico calada e opino para dentro, mas também quando sei não há quem me cale.
Já aqui falei várias vezes do estado de sítio em que está a educação, porque não sendo professora é uma realidade que conheço desde que nasci e portanto quando falo, sei o que estou a dizer.
Por estes dias nas manchetes o ataque virou à saúde e não sabendo bem o que de facto está a acontecer, até porque ver notícias não é o meu forte, vou deixando andar, e não abro o pio para comentar, nem contra nem a favor.
Ontem, uma amiga que é enfermeira partilhou um texto nas redes sociais que me deu umas luzes, mais não seja para se reflectir antes de se tomar um lado da discussão como certo, e é esse texto que partilho agora, e que me fez pensar nas últimas vezes que fui a hospitais e naquilo que vi e encontrei.
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Resposta ás manchetes sobre Greve Cirúrgica
A questão essencial é: não é agora que se está a pôr em risco a vida de pessoas, com a Greve Cirúrgica... ela está em risco faz tempo; a questão reside nos anos e anos de desmazelo e pouco investimento na saúde, no SNS. Quem está dentro do convento sabe o que lá vai dentro. A opinião pública está a ser manipulada a torto e a direito, muito também por uma comunicação social pouco informada. O SNS está mal. Quem precisa dele sabe que está. Desde a linha da frente (o serviço de urgência) ao internamento e consultas! As cirurgias urgentes e oncológicas estão a ser realizadas. Não urgentes são não vitais! As cirurgias não urgentes e não vitais são todas as cirurgias que não colocam em risco a vida das pessoas. Que são adiadas muitas vezes pelos mais diversos motivos... mas que não passa cá para fora... O Governo não lembra as mortes devido às condições que temos nos Hospitais portugueses. Nem tão pouco as condições que têm! Essas condições põem em risco a vida das pessoas. Infecções nosocomiais? Choque séptico? Quantos? Mas há mais... A ignorância ás vezes é uma bênção. Mas quando tem voz, é um perigo. Estamos contra a má gestão hospitalar, a má gestão de recursos humanos (em todas as classes, são todas elas que fazem um Hospital trabalhar, 24h por dia), péssimas instalações, que resultados se esperam? Os únicos prejudicados são os utilizadores do SNS. É também contra isso a luta. Quanto à remuneração, o estudo e as competências específicas adquiridas têm de ser remuneradas e, acima de tudo, valorizadas, como são (ou deviam ser) em qualquer outra profissão. Tal como o engenheiro não recebe honorários como trolha, com o devido respeito por ambas as profissões, ambas necessárias e ambas dignas. O Governo divide a opinião pública, com uma comunicação social alienada da realidade. Fica bem mais fácil colocar um país contra uma classe do que apoiá-la no cuidado a todas as pessoas que se dirigem ao SNS. Triste, vejo uma opinião pública manipulada: enfermeiros em greve põem em risco a vida de pessoas. Ela já está em risco... ela já está em risco... infelizmente! Mas estamos lá todos os dias... até em greve, prontos para a urgência (assegurando que tudo corre bem, assegurando serviços mínimos), que espera de nós tudo, mas que, talvez, não nos dê valor nenhum até então. Convido-te a vires comigo para o Hospital um dia, tu e quem quiser vir... é tão interessante ver o outro lado. O de dentro do convento. >>
Obrigada Joana, por teres esperança na discussão e por me fazeres pensar