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Não é novidade, que nasci em Lisboa, cresci em Lisboa, e estudei em Lisboa. A maior parte da minha família está em Lisboa. Ainda assim conhecer a cidade de palmo a palmo consegue ser uma tarefa árdua…quando acho que já domino a coisa ainda descubro ruas, ruelas, avenidas e praças onde nunca tinha posto os pés.
Estando tão ligada à cidade, e tendo sido sempre tão responsável, tive de descobrir espaços de refúgio, para onde fugir quando o cerco se aperta e eu só quero estar só. Não é invulgar sentar-me ao volante e querer conduzir até mais longe, por vezes não sei até onde mesmo, embora suspeite (!), outras vezes é apenas a vontade de fugir aos problemas, às responsabilidades, às chatices, aos trabalhos. Mas nunca quando precisam de mim. Quando precisam de mim eu estou lá, a toda a hora, a todos os momentos possíveis…. não obstante a vontade escondida e trancada que possa ter no fundo do coração, de fugir, de ir espairecer, de fazer uma pausa.
Em Lisboa, costumava fugir para o cais fluvial de Belém. Estudava em Santos, era boa aluna e não faltava muito, por isso precisava de um sítio perto para me refugiar q.b.; Quando esgotava as opções todas no CCB, era no cais que parava. Podia ou não sair do carro, conforme o frio, e conforme a multidão, mas era raro até há uns anos atrás encontrar por ali muita gente a meio de um dia de semana. Portanto, era o eu canto.
Devo ter herdado do meu avô a mania de olhar o rio; Talvez também do meu pai, o hábito de olhar o mar. Não sei de quem, esta predisposição que por vezes ataca e me puxa até ao fundo, ao mais profundo, ao azul mais escuro. Quando precisam de mim eu nado, luto contra a corrente para sair desse azul, fico onde estou, não fujo nem me escondo. É onde estou.