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Lá por casa costumam apontar-me o dedo neste tema: dizem-me que não sei lidar com as contrariedades da vida, que não sei lidar com as mudanças que o mundo provoca nos meus planos tão bem delineados.
Já tentei negar, já me tentei explicar, em vão; Já tentei perceber, e vejo o que vêm os que me dizem isso, mas não sei se vêm o que eu vejo. No fundo não sei se não sei lidar com as contrariedades da vida, se quando uma acontece eu simplesmente tenho dificuldade em passar-lhe por cima. É que eu sou a rainha dos planos bem delineados, e também dos planos de backup, do prevenir para não ter de remediar. Digamos assim, às vezes custa-me que me digam isso porque me apetece responder "mas acham mesmo que eu, logo eu, não pensei que isto podia acontecer?", é que sim, eu até penso em tudo o que pode correr mal, até tento antecipar-me aos riscos, mas ainda assim, o (im)previsível quando acontece não deixa de me fazer algumas mossas.
Como por exemplo, aproveitar a hora de almoço para ir comprar caixas ao ikea para a mudança. É tão mais simpático fazer isso noutro contexto que não este. Ontem comentei em duas vezes com duas amigas que estava de mudanças, a reacção de ambas, que não se conhecem e pouco em comum têm foi perguntar: "Então? Não correu bem...?!". Hesitei na resposta, pensei para mim "correu bem num sentido, mas não no outro"; Depois mais tarde, fiquei a pensar nisso e ponderei, mas afinal o que é que correu bem nesta história? Foi só o simples facto de ainda estarmos juntos..? Mesmo que seja desta forma estranha e longínqua?
Portanto, mesmo quando sabemos que tomámos a melhor decisão, pode não deixar de ser uma contrariedade; E por isso atulhei o banco de trás do carro em caixas de cartão com lágrimas a escapulir pelos cantos dos olhos....afinal, não era bem isto que tinha em mente quando tracei o plano.