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Hoje é dia dos avós e eu pensei de manhã que tenho imensa sorte porque ainda tenho dois deles! Os paternos, eram mais velhos e morreram quando eu era pequena e ainda andava no 1º ciclo, do avô lembro-me muito pouco, apenas que era brincalhão, e da avó lembro-me melhor; lembro-me de ir lanchar lá a casa e comer palitos la reine com bongo de laranja, lembro-me da casa, dos móveis, das cores, das texturas; Lembro-me que gostava de brincar com os seus colares de pedras que o meu avô que era da marinha de guerra tinha trazido de Macau e que herdei todos por ser a única neta! Lembro-me de gostar de fingir que passava a ferro e lembro-me de brincar com uma camisa de seda roxa que hoje não conseguiria olhar de frente; Lembro-me do dia em que me deu o anel de prata com a pedra turquesa, e tem um gosto mais especial por me ter sido dado em vida. Tenho muitas coisas dela, muito menos do meu avô, mas aquele anel tem uma ligação diferente.
Dos meus avós maternos felizmente tenho muita memória e muito tempo passado com eles; Tive a sorte de terem sido avós novos, com cerca de 50 anos, e de os poder ter sempre bem presentes no meu crescimento, cheios de energia e de ver na casa deles um refúgio para quando quisesse.
O meu avô Manel será sempre o meu maior companheiro de aventuras infantis, de incontáveis horas a fazer tropelias, a jogar jogos; Tínhamos um divertimento só nosso que consistia no meu avô fazer-me fatos e vestir-me toda de papel, ou arranjar roupa no roupeiro da minha avó para me tirar "fotografias artísticas" que podiam terminar comigo com um cesto de fruta na cabeça, um vestido da minha avó, umas sandálias do meu avô e um cacho de bananas na mão! Desde pequena que passar fins de semana ou mini-férias com eles já era um hábito e lembro-me de nessas alturas ele me levar ao domingo de manhã a brincar ao castelo de São Jorge, ou até aos jardins da torre de Belém, onde comia um croquete e trazia um livro de colorir das navegantes da lua.
Esses momentos existiam também para que a minha avó tivesse um pouco de paz depois da nossa bagunça!
A minha avó Maria é uma avó fofinha, redondinha e cheia de sardas que eu herdei! Com ela tinha o passatempo de fazer roupas para as bonecas, e desarrumar todo o seu armário em busca de caixinhas de tesouros, colares e brincos...! Apaixonei-me por um anel que o meu avô lhe deu num aniversário de casados, muito simples, e com uma bolinha de brilhantinhos; ela esperou pelo meu 21º aniversário e ofereceu-mo, agora faz parte dos meus tesouros. Também me lembro bem de lhe infernizar o juízo com a minha falta de vontade de comer, e de ela me dar o almoço comigo sentada à varanda em cima da máquina de lavar, enquanto a D. Rosa fazia gracinhas do outro lado da rua. O mais engraçado é que a minha ligação com a minha avó é super especial e fazemos confidências uma à outra que não fizemos a mais ninguém.
Já tive muito tempo com eles, e espero ter ainda mais; Hoje de manhã tinha planos, mas depois lembrei-me que não sei quantos dias dos avós ainda teremos, e por isso vou lá quando sair do trabalho, só para dar uns dedos de conversa.
Este vídeo impressionou-me quando o vi na altura do Natal, e acho que é uma homenagem linda aos avós.