por Catarina, em 11.04.18
"Há um provérbio eslavo da Galícia que diz: o que não contas à tua mulher, o que não contas ao teu amigo, conta-lo a um estranho, na estalagem."
- Eça de Queirós, Contos
Às vezes pergunto-me porque escrevo e nem sei. Acho que é porque ao escrever o peso sai-me de cima. Tudo fica mais leve depois de partilhado, o peso mais pesado parece dividir-se, ainda que essa seja uma percepção errada.
Acima de tudo escrevo porque me ajuda a racionalizar, a organizar, a hierarquizar.
Escrevo porque me dá prazer, porque oiço a minha voz; porque me dá voz.
Escrevo porque sempre escrevi; as poucas páginas do meu diário mais antigo remontam aos meus 13 anos, e daí até aos 21 ou 22 foram uma constante.
Já escrevi pelo prazer de reler, e de reviver. Essa vontade passou. Hoje em dia não tiro grande vantagem nisso, se for sofrimento parece que se abre a ferida, se for felicidade parece distante. Parece uma vida que já foi, que não volta. E por vezes não volta mesmo.
Não sei porque escrevo, só sei que às vezes escrevo.