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Há um mês sensivelmente recebi um email no trabalho à procura de voluntários com interesse pelo programa DAE (Desfibrilhação Automática Externa) para integrar uma equipa que iria ser formada no dia 9 de Março.
Em 30 segundos tinha respondido de volta à espera de ter sido suficientemente rápida! Não sabia ainda bem de que se tratava mas sempre me interessei bastante pela temática dos primeiros socorros (sim, há qualquer coisa de enfermeira em mim que é sádica q.b. e sempre que alguém se magoava eu aparecia logo com a caixa dos primeiros socorros pronta a fazer um mega curativo). Já tinha em mente há muito tempo fazer um curso de suporte básico de vida, no mínimo porque estava mais lançada para o curso europeu que é mais completo e quase um guia de sobrevivência, mas ia adiando e desta vez a oportunidade caiu-me ao colo.
Ontem passámos o dia em formação, num ambiente muito descontraído e focado, e tenho a dizer que adorei! Foi tudo o que esperava e ainda mais um bocadinho. A manhã foi mais teórica e a tarde mais prática mas tudo de forma bastante equilibrada.
Assim em modo de resumo em 2009 foi decretada a introdução do DAE em ambiente extra-hospitalar em ambulâncias ou transporte tripulado por operacionais fora do INEM e locais de acesso público; Em 2012 estendeu-se a sua utilização a estabelecimentos de comércio superiores a 2000m2, aeroportos e portos comerciais, estações ferroviárias, de camionagem, recintos desportivos e de lazer. Por iniciativa própria algumas empresas maiores e com maior número de trabalhadores como a nossa decidiu implementar o programa que pelo que percebi será brevemente obrigatório a todas as empresas com mais de x trabalhadores ou m2.
Para implementar o programa é preciso, para além de adquirir o equipamento, certificações e licenciamento pelo INEM, um médico responsável e formar uma equipa de socorristas com capacidade, e autorização, para o utilizar e dar o suporte básico de vida; a nossa formação foi dada pela Cruz Vermelha Portuguesa.
Foi um dia de aprendizagem de coisas tão básicas como uma chamada ao INEM a coisas um pouco mais complexas como desengasgamento de adultos, crianças e bebés, e suporte básico de vida aos mesmos, posição lateral de segurança e outras quantas coisas.
A chamada ao INEM foi o que mais me impressionou, porque já fiz uma vez fiz uma e dei conta que caí nos erros básicos que fazem perder tempo. Fiquei a saber que as chamadas são sempre atendidas pela PSP ou GNR para validar se é uma brincadeira de mau gosto ou uma verdadeira emergência e só depois são encaminhadas à entidade correcta: INEM, Bombeiros ou Polícia local, ou ao conjunto destes conforme necessário. O primeiro passo é identificar correctamente o local, rua, nº, cidade, concelho e distrito e fornecer pontos de referência se for necessário. Em seguida devemos informar o nº de vítimas, para que possam deslocar meios suficientes para o local, e o estado de consciência destes, inconsciente/desmaiado ou acordado, e se possível no caso de vítima inconsciente a ventilação, se respira ou não. Por último devemos identificar se há perigos associados como por exemplo derrame de combustível ou outras substâncias, um cão cujo dono é a vítima etc. Este processo consome algum tempo mas é importante conseguir manter a calma, porque se não formos socorristas não há nada mais que possamos fazer pelas vítimas a não ser prestar esta informação em condições.
Em situações de urgência todos os minutos contam e por isso senti que esta formação é tão importante. Já uma vez vi a minha avó perder os sentidos à minha frente e foi o maior medo que senti, a impotência de não a conseguir acordar, o terror de não lhe sentir o pulso, o pânico de não conseguir saber se respirava com tanto nervosismo. Não posso prometer que numa eventualidade não me vá enervar e ficar cheia de medo na mesma, mas posso garantir que o que aprendi me vai ajudar a conseguir ajudar alguém, seja quem for, e isso é o mais importante.
Podem saber mais no site do Inem ou da CVP.
Imagem em aitch.ro da série "Things that fit inside a heart" aqui