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Desde muito cedo que me lembro que tinha dificuldade em sair da cama de manhã.
Não era por dormir pouco ou por me deitar tarde. Não era tanto por sono como pela "fraqueza".
O motivo já aqui falei, mas nem sempre o conheci, a anemia.
Hoje, que já estamos familiarizadas, eu e a anemia, que já nos entendemos, ainda me levanto a custo.
Aprendi a controlar as fraquezas matinais, daquelas que não me davam forças sequer para chegar à cozinha.
Daquelas que me deixavam alagada em suores frios, que me faziam cair ao chão pelo caminho, que não me deixavam forças para nada, nem para chamar alguém que me enfiasse comida na boca à força. É uma sensação horrível, parece que alguma coisa deixa de funcionar no organismo, parece que nos estamos a desligar a uma velocidade incontrolável; num minuto começo a sentir fome e fraqueza, e no minuto seguinte estou esparramada com náuseas e sem forças para esticar um braço sequer.
Acabei por perceber que controlo isto se comer algo antes de me deitar, e nunca, mas nunca me posso deitar com aquela sensação de fome, ainda que ligeira, porque a noite vai acelerar o processo.
Aprendi também que preciso de mais tempo de manhã do que as outras pessoas, e que nunca, mas nunca vou conseguir sair de casa sem comer! A única excepção a esta regra são dias em que tenha de ir fazer análises. Nesses dias evito ao máximo ir sozinha, tenho receio de não me aguentar pelo caminho, e levo sempre umas bolachas para uma emergência.
As minhas manhãs acabam por ter de começar mais cedo; Despertador para vinte minutos antes da hora a que me quero levantar, para "avaliar" o estado em que acordo e perceber qual vai ser a rotina. Depois de perceber que estou bem vou para a cozinha, onde normalmente tenho logo à mão o pão e preparo o pequeno almoço rapidamente para me sentar a comer. Gosto de ter tempo para poder ter alguma calma, se começar a stressar muito com horas ou o que seja a coisa pode dar para o torto já que os meus estados de fraqueza por vezes chegam muito depressa.
No final das contas o que interessa é aprender e conhecer bem o corpo; saber ouvir o que ele me diz, e dar passos lentos ou rápidos, dançar conforme ele toca!
Bom, já escrevi muito sobre as minhas aventuras com o coco, mas hoje vou abordar isto por outro prisma! Há uns bons anos que não entra óleo na casa da minha mãe, a não ser para fazer fofos de abóbora no Natal, porque nunca se fazem fritos por todos os motivos. Mas há alimentos que cozinhar com o azeite não ficam grande coisa; Por exemplo preciso de um pouco de gordura para as panquecas, ou em alguns bolos e biscoitos.
Há quem o use também como cosmética (desmaquilhante) ou como óleo para o cabelo e corpo mas ainda não fui tão longe. Também li que ajuda a queimar gorduras, especialmente as abdominais e que fortalece o sistema imunológico bem como actua positivamente na função cerebral. Fiquei fã do óleo muito antes de me dedicar a conhecer o fruto, e recentemente fiz uma descoberta que deixou isto no "ouro sobre azul";
Enquanto pesquisava sobre a questão da anemia descobri que está no top das frutas mais ricas em ferro!
1 - Uvas passa (está no topo da lista - 36g tem 1,75mg de ferro- mas odeio-a tanto como à beterraba)
2 - Abacate (1mg por 100gr - este pelo menos é do que mais gosto!)
3 - Coco (0,79mg por 33g)
4 - Damasco seco (0,66mg por 14g)
5 - Morango (0,6mg por 152gr - tenho usado e abusado)
6 - Cereja (0,57mg por 145g - comidos muito facilmente...é aproveitar a época!)
7 - Uva vermelha (0,42mg por 36g)
8 - Amora preta (0,41mg por 72g)
As frutas ricas em ferro têm a vantagem de serem ricas em vitamina C que descobri ser indispensável à absorção de ferro de origem vegetal pelo organismo...basicamente é um dois em um!
No campo dos frutos secos ganham as nozes, os amendoins e a castanha.
Para além destes, falta aqui a minha aliada banana! A banana tem sido a minha melhor amiga porque me alimenta, é uma boa fonte de energia e entra em muita coisa; Faço batidos, bolos, broas, panquecas, enfim... É rica em vitaminas A, B e C, tem açúcares naturais, fibras, cálcio e magnésio (importantes para os ossos) e potássio (para controlar a pressão sanguínea). Ajuda a equilibrar os açúcares no organismo, é proteica e sacia repondo os nutrientes que possam estar em falta, por exemplo depois de um treino.
Nas últimas semanas lá por casa desaparecem dois cachos em menos de cinco dias, consumidas por mim e pelo M. que diga-se de passagem nunca lhe há-de faltar o magnésio com a quantidade que ele come deste fruto! Quando tenho tempo e faço batidos de véspera para o pequeno almoço uso sempre banana, mas no dele, para a mesma quantidade de leite (no final enche um copo daqueles largos e altos) uso duas bananas em vez de uma, e ainda acrescento uma colher de sopa de aveia em pó; Tendo em conta que o trabalho dele é muito mais físico que o meu acho que ele precisa de um boost!
No fim de semana comprei o meu primeiro livro de alimentação saudável e que tem receitas! Até agora uso sempre a net e o livro de receitas da minha mãe, mas esta mudança precisava de mais qualquer coisa. Acho que encontrei uma pequena bíblia: está organizado por grupos de alimentos (frutas, legumes, leguminosas, carne, peixe, lacticínios etc) e dentro de cada grupo aborda um alimento de cada vez; Por exemplo o abacate: começa por falar sobre o fruto, porque é bom, o que faz, o que ajuda, que nutrientes tem, etc, e depois apresenta uma receita com ele; Apaixonei-me logo pelo design, por algumas receitas e pela facilidade com que se usa. Ainda vou falar mais dele, e nessa altura aproveito para dizer o nome que me escapou agora....!
Isto para dizer que ando cheia de energia a experimentar receitas novas, alternativas ao habitual.
Ontem fiz duas inovações, nenhuma do livro, mas uma com inspiração de lá:
Cogumelos recheados com ricotta e espinafres que acompanhei com uma salada de abóbora com pêssegos!
Vamos por partes...
Eu sou maluca por queijos, e não vou acabar com eles na minha vida ou ficaria muito infeliz!
Na verdade, a ricotta é um queijo fingido, feito a partir do soro do leite, e portanto considerada apenas um producto lácteo pelos entendidos. É um alimento nutritivo com baixo teor de gordura e rico em proteínas e que permite que se reaproveite o soro do leite reduzindo o desperdício.
Os espinafres são os meus melhores amigos de momento, ricos em tudo de bom, vitamínas, minerais, proteínas, enfim é só procurar, e a parte que mais me interessa, em ferro! Tenho feito trinta por uma linha com eles;
Os cogumelos são a minha eterna paixão; Usei os portobello pequeninos, mas também consumo dos grandes ou os paris que são os brancos; São um fungo e não um legume como por vezes catalogamos e é rico em minerais como o potássio, cálcio, selénio e fósforo. A abóbora é sobretudo rica em vitaminas.
O melhor disto tudo é que se faz enquanto o diabo esfrega um olho!
Salteei os espinafres em azeite e com dois dentes de alho (que só serviram para isso!); Depois de arrefecer misturei com a ricotta e juntei coentros picados para dar mais sabor. Lavei e limpei os cogumelos, retirei o pé, e na "cova" coloquei a pasta que fiz. Polvilhei com um pouco de pão ralado e levei ao forno...uns 30 minutos no máximo e estava pronto, e super saboroso!
A salada foi feita com a abóbora que sobrou da sopa, e uns pêssegos amarelos muito maus que trouxe da praça! Nem sempre o bom aspecto é sinónimo de sabor, nem o cheiro, por isso me enganaram tão bem. Cortei tudo aos cubinhos e salteei numa frigideira com óleo de coco porque queria mesmo um sabor adocicado. Os pêssegos ficaram bem melhores, ganharam sabor que não tinham, e a abóbora também estava boa, embora acho que a prefiro grelhada. É um sabor que é preciso estranhar antes de entranhar, nem sempre é agradável comida assim;
Acabei por fazer uma refeição sem usar uma única pedra de sal o que foi uma conquista!
Com estas ementas acho que um dia destes o M. me troca por uma roulote de bifanas!!!
Ilustração de Robert-Sae-Heng aqui