Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Tiro ao alvo à portuguesa

por Catarina, em 12.09.18

Este tema não é novo aqui no blogue, e já expliquei porquê; Naturalmente que me é mais fácil falar de algo que me é familiar, um tema que conheço de perto mais do que de outros, de outras classes, que não domino.

 

Ontem a meio de uma bela tarde de praia deparei-me com uma notícia do público e outra no observador (os nomes estão com minúscula porque não reconheço a nenhuma das fontes o mérito para a maiúscula).

 

O tema: salários dos professores;

A origem: teoricamente um estudo da OCDE sobre e estado da Educação em 2018 (Education at a Glance 2018);

O objectivo: mais um ataque e uma difamação gratuita da classe docente, que os media não se cansam de humilhar continuamente e que chega num timing muito conveniente ao nosso governo que está em braço de ferro com os sindicatos sobre o prometido descongelamento de carreira, que afinal para António Costa é só dar um calorzinho, e não um descongelamento integral e justo. Promessas, de facto leva-as o vento.

As manchetes: "Professores ganham mais 35% do que a média dos trabalhadores qualificados" (público) e "Professores portugueses são dos mais velhos da OCDE e recebem mais do que outros licenciados" (observador);

 

Algumas notas sobre o estudo, que ainda não consegui ler todo mas que já consultei: 

- os dados têm várias fontes, naturalmente, e vários anos: alguns de 2015, outros de 2016, 2010, etc. o que torna difícil a interpretação de resultados e pode suscitar comparações em condições pouco equivalentes: vários anos de dados, diferentes países e continentes e realidades e contextos;

- no que toca a salários, compararam-se valores em euros, libras e dólares;

- uma nota no indicador C7 do estudo ressalva:

The salary cost of teachers per student is estimated based on values for statutory salaries of teachers after 15 years of experience and the most prevalent qualifications (see Indicator D3), theoretical instruction time of students (see Indicator D1) and statutory teaching time of teachers (see Indicator D4). This measure may differ from the actual salary cost of teachers, as a result of the combination of actual average values for these four factors.

 

É no mínimo curioso que num relatório tão extenso, que foca tantos temas pertinentes da educação, os media escolheram focar-se num só, aquele que inflama mais a sociedade e que provavelmente é mais conveniente a alguns órgãos. Mais do que isso, pegaram nos dados, baralharam e deram de novo conforme lhes interessou.

 

Portanto à pseudo-imprensa uma questão: O que é que os media em portugal têm contra a classe docente?

 

Desde o tempo da não saudosa Maria de Lurdes Rodrigues que os meios de informação têm ajudado a denegrir a imagem da classe perante a sociedade e especialmente perante os pais e encarregados de educação esquecendo que em última instância são esses profissionais que formam e até educam os jovens para o futuro.

Quanto à tabela salarial é pública e pode ser consultada não havendo razão para publicar deliberadamente informações incorrectas, a não ser dar continuidade a acções de calúnia. Tanto quanto sei, em teoria pelo menos, a função dos media é informar, de forma isenta, e não redigir ataques gratuitos encomendados que transbordam em segundas e terceiras intenções. 

 

Depois resolveram atacar a comparação entre professores e outras áreas dentro da função pública, que do que já vi do estudo não encontro relação ao tema no mesmo e que levantava ainda mais questões se fossem notícias sérias. Se quiserem fazer o trabalho de casa vão ver quanto gastam os professores que trabalham deslocados de casa, vão fazer contas às suas vidas, aos gastos de ter duas moradas e/ou de percorrer quilómetros diariamente, e vão ver que ao contrário de certos gabinetes estes não têm ajudas de custo, nem motoristas nem nada que se pareça levemente com uma compensação;

Mais, aproveitem o t.p.c. e vejam também o desgaste a que a profissão está sujeita, físico e mental, e comparem com outras funções a que já compararam os salários, para verem se é equivalente. Já nem digo para verem as condições de algumas escolas, e o trabalho que é feitos nestas apesar disso, porque gente que escreve lixo deste não merece passar das portas para dentro.

 

Só posso com isto concluir que há meios de comunicação neste país que não honram a profissão, a ética e o rigor. Que escolhem os dados a dedo, que interpretam livremente e sem regras e que geram propositadamente notícias falsas, baseadas em pseudo-verdades que nem eles próprios compreendem. Isto será excesso de democracia ou falta de regulação? Afinal somos livres, temos liberdade de pensamento e escrita, e aparentemente não somos chamados à pedra pelas nossas acções, quando como meio de informação, com os recursos que temos à nossa disposição e o alcance que a má informação tem devíamos ser responsabilizados criminalmente por tanta difamação. Danos destes são, mais uma vez, irreparáveis.

Autoria e outros dados (tags, etc)


1 comentário

Sem imagem de perfil

De Nuno a 12.09.2018 às 15:04

Existem duas realidades que e3 encontram pri eiro e verdade que infelizmente os professores têm sido o bote espuatorio da sociedade civil em geral e dos sucessivos governos em particular e que muitas das notícias que vêm a público vêm distorcidas ou incompletas (como é o caso desta) para inflamar opiniões e criar una luta entre a claque trabalhadora que distraia as pessoas do essencial. Não obstante isso não deixa de ser verdade que a realidade de uma classe de professores envelhecida tal como médicos é outras profissões inportqnticimas e fulcrais para o funcionamento das sociedades e um problema aliás é um problema assumido por Mário Nogueira. Problema esse que tem consequências orçamentais graves cono a média de vencimentos ser alta em relação a média do restante funcionalismo público.mws também porque a breve trecho teremos falta de professores pois muitos se irão reformar. O problema desta situação é acrescido do problema antigo de que antigamente (não sei se este problema se mantém) qualquer pessoa poderia ser professor. Um engenheiro sem trabalho facilmente tirava uma um pequeno curso e leccionava e está realidade a juntar ao problema da diminuição da natalidade gerou algo já previsível. Excesso de professores atirando muitos (muitos com vocação) para o desemprego. A educação foi durante muito tempo tratada como um escape de emprego garantido e de bons vencimentos. Tem sido tratada como um parente pobre dos sucessivos governos. É este ndo e excepção basta olhar para o ministro e a sua total incompetência para o cargo(ainda ndo precebi nem a ideia do facilitismo que se quer incutir nos alunos quando se pretende prenitir que transmitem com mais de tres negativas) muito haveria a dizer e peço desculpa por me alongar.
Tudo isto para dizer que a educação neste país tal como a saúde tem sido particularmente nos últimos anos tratada como campo de experimentalismos e nso pode os tratar assim duas áreas tão essenciais à uma sociedade

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.



Mais sobre mim

foto do autor



Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D





subscrever feeds