Ultimamente convenci-me de que eu e os carros temos uma relação de amor/azar do caraças porque sempre que têm de ter um chilique, é nas minhas mãozinhas que tal acontece.
Logo eu que sou uma stressadinha do pior para estas coisas já tenho um curso intensivo e o nº da seguradora no telemóvel. Do encostar o carro ao ligar os piscas, do colete ao triângulo, do reboque à oficina, digo-vos estou pró. Até já faço diagnósticos, tendo em conta o quão conheço o bicho, sobre o que possa ter sido a maleita de cada vez que empana.. claro, não acerto sempre, só às vezes...
O pior é quando a coisa se complica no diagnóstico e o internamento dura dias; é nesses momentos que, quando não peço carro de substituição (há que poupar o plafond anual…) me entrego à aventura dos transportes. E digo aventura porque quem está dentro de Lisboa tem um sem fim de hipóteses para deslocação, mas quem está fora tem um sem fim de…limitações!
Ontem foi a vez de ir testar os autocarros da Rodoviária, e, até nem foi nada má a viagem, nem me vou insurgir com o preço do bilhete a bordo, que é caro em todo o lado, mas que com o que já paguei e pago em parques de estacionamento quando ando de carro, não acho nada de especial.
O que chateia mesmo, são as pessoas. Ontem na paragem levei com uma senhora que fumava como uma chaminé e com o vento a cinza e o cheiro estavam a vir-me parar a cima. Afastei-me, mas a voz esganiçada e o tom que usava a conversar com os colegas eram suficientemente altos para se ouvir duas paragens a cima. Quando entrámos no mesmo autocarro fui quase até ao destino a ouvir o seu tom de voz e as suas ilustres opiniões sobre os afogamentos do fim de semana passado. Chicoteei-me mentalmente por não ter levado os phones comigo mas enfim. Já outra vez apanhei uma cena épica de uma senhora sentada na paragem a cortar as unhas, com um corta-unhas como usava o meu avô, e a fazer as unhas saltar para um metro à sua frente. Medonho. A sério, já andei muito, mas mesmo muito de transportes públicos, mais de metade da vida, e não me lembro de uma cena destas. Das pessoas berrarem sim, dos telefones a fazer de rádio comunitário também…mas a sério, cortar unhas?! E depois perguntem-se porque é que a maioria dos portugueses anda de carro….
Ao final do dia nem pensei duas vezes: voltei para casa de táxi!